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IV


Sheila se perde em pensamentos enquanto seus amigos contam ao rei tudo o que aconteceu nos últimos dois dias. A ilha, a transformação, a pequena aventura na cidade portuária. As recordações obviamente ainda estavam bem vivas. E nos seus sentimentos, ela estava ficando confusa. Seu irmão estava ali, num canto, novamente debaixo de sua capa, prestando atenção, pensativo. Não sabia mais como tratar Bobby, como ele ou ela. Até a pouco ela tinha certeza que ele voltaria ao normal para sempre. Mas lendo as feições que Rahmud fazia a cada descrição dos fatos, ela sentia que tinha ganho uma irmã para sempre.

E estava começando a se afeiçoar mais de Hank que antes.

- Mas eu não gosto de garotas...

- Que foi, Sheila? Presto pergunta para a amiga que acabara de pensar em voz alta, chamando a atenção de todos. Ela fica completamente sem graça e o silêncio toma conta da tenda.

- Bom, meus filhos, minhas filhas. Conheço a lenda dessa cidade, e do povo que vivia lá. Elas vivem numa cidade secreta, num vale escondido dentro deste deserto onde estamos agora - Rahmud dá uma pausa e tenta fingir que não respirou fundo de preocupação - ninguém nunca as achou. Mas vou pedir para meus mensageiros alcancem os magos a meu serviço na capital, e em todo meu reino se necessário, para que devolva meus príncipes a forma original. Mas agora, venham comigo. Há comida e bebida para todos na minha tenda - e ele termina dando aquele sorriso animador que todos já conheciam.




Depois da meia-noite, estão todos dormindo, jogados entre as almofadas que circundavam uma mesa cheia de vasilhames e talheres sujos de doces e sobremesas. Os garotos tiveram uma ceia farta. Rahmud está na porta da tenda, olhando preocupado para as luas enquanto é banhado pela luz azulada das senhoras da noite.

- Rahmud... - Sheila aparece de repente, estava escondida sobre seu manto de invisibilidade...

- Venha minha filha, queria falar a sós com um de vocês, e você é era a minha preferida nos meus pensamentos. Vamos para um local mais a parte de todos, enquanto seus irmãos e irmãs dormem.


Eles andam vários metros sobre a areia fofa e diversas tendas até uma menor, mais na periferia do acampamento.

- Há quanto tempo vocês estão perdidos em nosso mundo, filha?

- Um ano, ou mais, ou menos. Perdi a noção do tempo aqui... Acho que menos... não sei não, Rahmud.

Sinto falta de casa, dos meus pais, dos amigos da escola. Tinha mil planos e menos preocupações que aqui.

- Mas já pensou em ficar aqui para sempre, eu...

- ...é tentador viver aqui com o senhor, Rahmud. O senhor é como o pai da gente nesse mundo.

- Obrigado - ele agradece cortês, um pouco sem jeito.

- Rahmud...

- Sim?



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