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III


Uma cidade portuária, cerca do meio dia, mercado central.

Dentre a miríade de raças e espécies inteligentes comerciando, roubando, pechinchando e anunciando suas mercadorias na praça lotada de barracas colocadas de maneira caótica, os seis humanos e a pequena unicórnio passam praticamente desapercebidos.

Na frente do bando, uma garota loira, de pele bastante clara e vestida em tons de verde e ocre carregava um estranho arco sem corda. Exatamente atrás dessa, aparentemente a líder do bando, seguia uma ruiva vestindo roupas em tons de violeta, e pensativa.

- Pra onde vamos, Hank?

- Não sei, talvez um lugar para descansarmos... quero dormir um pouco e... pensar também...

- Eu estou um bagaço!

- Também estou acabada, Presto. O barco não parava de chacoalhar... e o Eric é muito espaçoso!

- Mas eu não consigo dormir encolhido daquele jeito, Diana!

- Se você não dormisse, talvez a gente conseguisse dormir. Além de espaçoso, você ronca alto demais!!

Ao lado da ruiva, havia uma menina, talvez sua irmã: loira, sardenta, carregando um grande tacape e usando um capacete com chifres. Estava do pescoço para baixo coberta por uma grande capa púrpura - maior do que ela! - e era seguida por uma jovem unicórnia de pelos brancos e crina rubra.

- Béééé!!

Atrás das irmãs estava uma garota negra, de longos cabelos cacheados e joias douradas, com um belo corpo atlético, pouco escondido sob duas peças de roupa feitas de pele de animal. Ela tentava parecer descontraída. E no lado esquerdo dela, estavam os dois únicos garotos do bando: um cavaleiro, de roupas e escudos dourados e capa vermelha. Cabelo bastante curto e olhar compenetrado - seu olhar neste instante amedrontaria um dragão! Certamente era o de maior coragem do grupo...

- Uáááá!! Que sono!

- De novo, Presto?

... e um aprendiz de mago, com longas roupas verdes, vidros na frente dos olhos (uma velha magia para ver o que os outros não veem), chapéu cônico da mesma cor e uma pequena bolsa dourada no cinto. Que ladrão ousaria roubar tal objeto?


- Senhoritas! - Um velho comerciante, de feições árabes e amigáveis - Vocês não desejam ver e experimentar as joias e roupas que este pobre mascate trouxe das Terras do Leste? São vestidos de seda, colares de ouro, pérolas e outros produtos apenas procurando uma bela dama como vocês como dona!

- Er... não, obrigada. Não temos dinheiro conosco.

- Senhorita, sem compromisso algum! Imagino que seus cabelos cor de fogo fazem a combinação perfeita com estas joias que trago comigo. E há um vestido aqui... hmm... este!, que parece ter sido feito apenas para sua amiga loira, concorda?

Sheila arregala os olhos. Diana abaixa a cabeça pra esconder o riso; e Eric afasta-se e vira de costas com a mesma intenção.

- Você mesma! Mesmo com estas vestes, percebe-se que você tem um corpo muito bonito, e com uma ajudinha, você conseguirá um bom esposo logo. Quem sabe, o Príncipe? Se me permite a ousadia, você tem tudo em cima...

Hank definitivamente não gosta do que ouve e se afasta, tentando não escutar mais, tentando segurar a vontade de se enfiar num buraco de tanta vergonha, tentando não brigar com Eric, que se pudesse rir, o faria até rolar no chão.

O vendedor fica desnorteado.

- A-acho que a ofendi, minha esposa sempre me diz para ter cuidado com o tipo de comentários que faço...

- Não se preocupe muito, el...ela tem passado por situações difíceis desde ontem. Tchauzinho!

Sheila se apressa para alcançar o grupo, enquanto Eric e Diana tentavam se desculpar. Presto retornava com Bobby e Uni, carregando algumas moedas.

- Onde...?

- Presto tirou uma lanterna do chapéu, e de repente apareceram compradores!

- Na verdade eu tava procurando algum dinheiro dentro dele... acho que a gente merece dormir em camas de verdade depois do nosso passeio de bote!




- Eu só não entendo porquê alugamos três quartos? Nunca temos dinheiro, e quando conseguimos, você gasta tudo de uma vez!

- Uah! Foi o único jeito de conseguir seis camas... e acho que Hank não ficaria a vontade no quarto das meninas... nem a gente com ele aqui e... e... zzzzz...

Eric reflete um pouco.

- Talvez você tenha razão, Presto...



- Bobby, não fique emburrado! É só por uma noite...

- Eu não quero ficar no quarto das mulheres!

- Ouça Sheila, Bobby, essa noite você vai ficar no mesmo quarto que sua irmã e Uni, não o das mulheres - Diana pisca.

- Mas...

- Você poderia me devolver minha capa por algum tempo? Eu queria sair e usá-la lá fora...

Bobby segura a capa por um momento e cede relutante, cruzando os braços para se esconder. Sua irmã de repente está invisível, e só dá para notar a porta abrindo e fechando.

...

- Você quer conversar, Bobby?

- Não.

Diana senta-se e põe a mão no queixo, pensando no que falar.

- Sabe, quando eu tinha mais ou menos sua idade e... meus... peitos começaram a crescer - o pequeno Bárbaro aperta mais ainda os braços cruzados e abaixa a cabeça - eu também tinha vergonha de que os outros percebessem.

- ...Também?

- É! Mas você é uma menina agora... também.

- Não! Sou homem!

- Então, não aja como a menina que eu era... - Diana sorri e põe as mãos nos ombros de Bobby - Moço, não sei se a gente vai resolver essa situação ou não, mas não tenha vergonha do que não é tua culpa e aja do jeito que você achar melhor.

- ...

- Agora, vá tomar um banho, senão EU mesma faço isso em você!

- Béé!



"Alguém nesta cidade deve saber de algo que possa nos ajudar". Sheila estava visível agora, não havia a necessidade de proteger-se com a sua invisibilidade. Era a "Ladra" do bando. Se ela realmente agisse de acordo com o nome que o Mestre dos Magos lhe dera, seria uma das melhores!

Mas no momento, ela contava em ser apenas uma boa espiã ou detetive, alguém que descobrisse como fazer seu irmão e Hank voltarem ao normal. Era impossível que ninguém soubesse da cidade na ilha e suas lendas. Sheila acreditava que era só andar que ouviria ou veria algo de útil, e não tardou até que três centuriãs chamaram a atenção dela. Seu uniforme era inconfundível: algumas das estátuas do templo e da ilha tinham roupas idênticas. Não custava nada ficar invisível e segui-las.



Há um espelho no quarto.

Ele estava cansado e a cama era convidativa, então a primeira coisa que fez quando fechou a porta do quarto foi jogar-se na cama e espreguiçar-se com força... Mas agora não era hora de dormir: Hank queria saber o que era Hank agora, e o espelho era essencial a isso, não tivera chances de ver seu próprio reflexo desde que pisou na ilha.

O que ficou no lugar de Hank com a perda de sua masculinidade?

Ficou uma garota bonita. Mesma cor dos olhos, mesmo tom loiro de cabelo, a pele um pouco mais alva. Mas não era alguém atraente para ele, quer dizer, a imagem no reflexo era uma moça muito bonita, mas também era como alguém da família. Uma irmã que ele nunca teve.

- Sou eu.

Ainda curioso, faz várias caras no espelho, brinca um pouco, mas não arrisca fazer nenhuma que ele considere feminina.

Se afasta um pouco e se vê de corpo inteiro. Primeiro faz uns poucos ângulos, depois dá uma olhada melhor. "Mesmo com estas vestes, percebe-se que você tem um corpo muito bonito (...) Se me permite a ousadia, você tem tudo em cima..."

- Infelizmente, sou obrigado a concordar - suspira desconsolado.

Tira a blusa. Decide matar a curiosidade de uma vez... apesar de já ter visto mulheres nuas na Terra - inteiramente em revistas e, poucas vezes e nunca tudo, ao vivo. Põe as mãos para trás e tenta descobrir como tirar o sutiã ("acho que vou demorar meia hora pra aprender a recolocar")...

Feito. Suspira de desejo e tristeza.

Hank põe a mão em seus próprios seios, meio que para ocultar dele mesmo, meio para sentir o que era. Ainda pensava e sentia como homem, era algo bastante atraente de se ver e tocar. Desejável, mas no corpo de outra. Apesar da libido agora estar ativa, era mais um momento de se conhecer como estava fisicamente. Como ele era agora. Seria agradável de ficar olhando, se não se lembrasse constantemente que aquele par de mamas eram dele!

Decide ir adiante na nudez e em um minuto suas calças e botas já estavam no chão. Olha a calcinha que veste... "Realmente tá faltando algo aqui dentro".

De repente, uma sombra sai de um dos cantos do cômodo e voa pela janela. A primeira reação de Hank foi esconder as partes nuas com as mãos. Pudores femininos.

- Demônio das Sombras... - da janela, Hank, nu(a) da cintura para cima, vê o servo do Vingador por entre as nuvens e tenta segui-lo com os olhos...

- Aê, gostosa!!! Alguém da rua grita para a moça de seios nus que apareceu de repente numa janela do segundo andar de um dos hotéis da cidade.

Hank volta e fecha a janela envergonhado.


Fazia exatamente um dia que ele e Bobby foram transformados.



Eric tinha dormido muito bem, então deixou Presto roncando sozinho e foi reconhecer a cidade. Talvez encontrasse alguém que pudesse ajudá-los, talvez tivesse que pagar pela informação. Teria que achar um jeito de conseguir dinheiro também. Seria ótimo se encontrasse o Mestre dos Magos. Aquele baixinho de vermelho era cheio de enigmas, nunca mostrava o caminho de casa, e com certeza não destransformaria Hank e Bobby.

- "Essa magia eu não tenho poderes para reverter. Mas há uma pata de sapo amestrado no reino do sudoeste..." - Eric imita o modo de falar do Mestre, de um modo enojado - com certeza ele só volta agora no fim do episódio...

- Ungh... ei, olha por onde andam!

Ele tinha trombado com três mulheres de armadura. Olham para Eric, depois entre si, falam algo em sua própria língua e riem, ignorando o Cavaleiro.

- Hmpf...

- Você teve sorte, meu jovem - Era o vendedor que oferecera roupas e joias às garotas - Nem teu escudo te manteria a salvo se elas estivessem de mau humor. Como são mercenárias a serviço do Rei, e não são cidadãs daqui, estão isentas de responder por quase qualquer excesso que cometerem.

- E daí?

- Alguns anos atrás, Jack, que vendia peixe na esquina perto da saída norte da praça, se meteu numa briga com uma delas. Uma noite depois ele sumiu e nunca mais foi visto. Pobre Jack.

- Nunca mais...?

- Nunca mais. Ninguém soube o que exatamente houve com ele, ninguém viu nada, mas com certeza foi culpa delas...



Ela ia até chamar o amigo para seguir as amazonas junto, mas Eric era qualquer coisa, menos furtivo. Sheila deixou o Cavaleiro conversando com o vendedor e continuou a seguir as centuriãs, ainda invisível e caminhando com cuidado pelas bordas da feira, sempre evitando chamar a atenção. Seria fatal para seu "disfarce" se esbarrasse em alguém ou derrubasse algo enquanto estivesse invisível. Poderiam pensar que ela era um fantasma. E o fato de que ninguém dá passagem para alguém que não é visto complicava bastante a situação dela.

Mas a Ladra estava se saindo melhor do que esperava e após alguns minutos de caminhada pela feira ela tinha deixado Eric para trás, e continuava a perseguição sem problemas. Não era difícil perder aquelas mulheres de vista. Para Sheila o uniforme delas se destacavam entre a multidão: eram realmente idênticas à de várias estátuas da ilha, e isto ficou bem gravado em sua memória. E isto não poderia ser apenas coincidência. Ali estava a chave para destransformar os garotos.


Fora da cidade havia um pequeno acampamento de três barracas, o mesmo número de cavalos e tudo isso organizado em torno de uma grande fogueira. As centuriãs chegam despreocupadas ao local, checam com os olhos se está faltando nada e abrem um pequeno baú vermelho, como se fosse parte de uma rotina diária. De dentro dele sai uma forte luz azul, e elas estão surpresas com isso. Chegam mais de perto do objeto, falando entre si e olhando, entre curiosidade e ironia, fazendo um sinal de "V" com os dedos... ou será um número "2"? Entre risos, põem as mãos nos peitos e as afastam devagar, fingindo espanto, olhando para entre as próprias pernas e rindo... pareciam recontar velhas histórias que agora eram engraçadas para elas.

Conversam mais um pouco e elas decidem entrar numa das barracas com a caixa. Apenas uma delas fica de guarda no lado de fora. Sheila decide se aproximar, mas no instante seguinte uma das centuriãs é jogada para fora da barraca em que entrara, e sua colega aparece do mesmo modo logo em seguida.

- V-Vingador!?

Com a caixa na mão ele sai de dentro da cabana e desaparece num teleporte, ignorando a terceira centuriã e suas colegas caídas no solo.




Presto acorda assustado.

Seus sonhos não foram muito interessantes e refletiam a situação insólita que Hank e Bobby viviam. Talvez a masculinidade seja importante para quem a tem (ao menos como referencial do que a pessoa seja para ela mesma), e a do Mago também estava incomodada com a situação.

Ainda com sono, balbucia algo que em conjunto com seu chapéu poderia resolver todos os problemas... "Esquece... Não vai dar certo", e se levanta espreguiçando-se. Se coça e se estica mais um pouco antes de sair definitivamente do quarto.

- Acho bom não voltar a me acostumar com colchões...


Sem aviso, uma corneta toca, como se convocando alguém. Presto decide atender o chamado e abre a janela para ver.

- Lá está um deles!

Fecha a janela e se esconde imediatamente. Batem na porta!

- Presto! Era Diana - Abra, tem guardas querendo invadir a estalagem.

Ela entra, mais Hank, Bobby e Uni. A acrobata coloca sua vara de modo a segurar a porta, enquanto Hank pensa em algo. O pequeno bárbaro estava com arma na mão, sempre preparado para derrubar Tiamat no primeiro golpe.

- Bobby, você parece um menino desse jeito!

- Obrigado, Diana - diz e mostra língua, gostando do comentário.



A porta está sendo forçada constantemente e havia soldados na rua.

- A gente não pode enfrentar a cidade toda! E não sabemos como estão Eric e Sheila. Presto, você pode providenciar algo para distrair os guardas???

Ele faz uma rima improvisada e uma nuvem negra aparece por sobre a estalagem, que se espalha pelos quarteirões vizinhos...

- Está chovendo feno! E penas também!

A população se afasta e todas as tochas da região são apagadas para impedir qualquer risco de incêndio. E dentro da estalagem, parecia que a maioria dos guardas da cidade tinha entrado para ajudar a empurrar a porta no apertado corredor... Os minutos passavam lentamente e a "chuva" continuava forte lá fora, e os guardas ainda insistiam contra a porta lá dentro. Após algum tempo, Hank deu a ordem de pular. Para baixo, no chão fofo e sem muita visibilidade, era a melhor saída que eles tinham.

Com mais dificuldade que pensava, Hank põe um pesado móvel para segurar a porta, e se firma no chão para segurá-lo enquanto os outros fugiam. Ao mesmo tempo a Acrobata expandira seu bastão da janela até a rua lá embaixo, fazendo Presto e Bobby (com Uni) desceram rápido e em segurança. Diana foi logo depois e abandonando o quarto por último, Hank pula a janela para o feno e penas lá em baixo, mas machuca o pé na descida.

- Sexo frágil, Hank. Cuidado! Você consegue andar?

- A-acho que dá.

- Atchim!

Aparentemente a população fugira do estranho fenômeno climático, e os poucos guardas que não se sentiam incomodados pela estranha chuva foram derrubados e afastados do caminho por Diana e Bobby, e uma lufada de vento que fez levantar muitas das plumas caídas no chão foi o suficiente para fazer os quatro garotos sumirem de vez para todos.


Dois quarteirões dali, a chuva pára e eles se veem numa região mais deserta da cidade portuária, afastada do grande mercado.

- Hank, Bobby! - Sheila aparece sem aviso por trás deles. - O que houve?

- Não sabemos, de repente os guardas entraram na estalagem atrás da gente. Onde você esteve?

- Acho que eu já descobri uma pista que pode devolvê-los ao normal: vi várias das centuriãs daquela ilha. E o Vingador está por aqui perto.

- Lá estão eles!

- Os guardas! Corram! - Hank grita para o bando, mas fica no mesmo lugar.

- Hank, e seu pé?

- Vão. Eu dou um jeito.

Ninguém se afasta e o bando forma um círculo em torno deles mesmos. Os guardas não estavam tão perto, mas não demoraria para alcançá-los.

- Gostaria de saber onde Eric está metido agora.

Sem aviso, o chão começa a tremer, e um grande animal, rápido como uma bola de boliche, apareceu e avançava para os soldados sem segurar o passo.

- Eric!?

- Aaaaaaaaaaaahhhhhh! Alguém freie este animal para mim!

Os soldados se dispersam para fugir da fúria do bicho descontrolado, assim como Sheila, Hank, Bobby, Uni e Diana saem do caminho, mas a Acrobata logo depois pula na garupa do animal (daquele modo que só ela sabe fazer) e consegue acalmá-lo.

- Alguém quer carona?




Após algum tempo, eles estavam na margem do deserto, as dunas apareciam no horizonte, cada vez mais longe do mar.

- É aquela caravana ali, Eric?

- É ela mesma! O velho Salif deve estar nos esperando.

- Eric, toda vez que você confiou em alguém, nos meteu em encrencas - Bobby estava apreensivo.

Um dos animais se afasta da caravana e se dirige a eles.

- Boa tarde, meus senhores e senhoritas.

Era o velho vendedor!

- Desculpe modos deste velho mercador, mas não fui educado a tratar com príncipes e princesas.

- "Príncipes e princesas"? O que você andou contando para ele, Eric?!!

- Só a Verdade, somente a Verdade e nada mais que a Verdade!

- Venham, juntem-se à caravana. Vocês estarão seguros entre minha gente, e os guardas do Rei não nos alcançam mais - ele virou se animal de volta e guiou os garotos para dentro do pequeno grupo - então eram mesmo seus amigos que os coletores de impostos estavam atrás?

- Eram! Mas com o animal que você me emprestou, eu afugentei os guardas e salvei meus colegas.

- Isso é quase a verdade, Eric. Só falta você dizer que eu te salvei de ser jogado fora da garupa do bicho - cochichou Diana.

- Mas, porquê os coletores de imposto estavam atrás da gente, Salif? - Hank.

- Por quê seu amigo Mago não sabia que tinha de pagar uma parcela de sua venda, mais um imposto por ter criado um objeto através de magia e mais uma taxa por nunca ter vendido nada na cidade.

- E o senhor correu o risco de ser preso também...

- Mas isso não é nada quanto à gratidão que meu Reino e meu bondoso Rei tem a vocês por terem ajudado a salvar nossa Princesa.

Os meninos começam a se lembrar de fatos de meses atrás...

- E desde que voltou à nosso país o meu Rei, Rahmud, tem avisado à todos os viajantes, nossos embaixadores e todas as caravanas para enviar notícias de vocês à ele, e ajudá-los se os encontrarmos em perigo. E fui abençoado com a oportunidade de mostrar o quanto meu povo está agradecido pelo retorno da princesa Ayesha e de nosso rei Rahmud.

Excetuando Eric, que agora se sentia o mais importante, todos (até Uni) estavam boquiabertos.

- Meu rei os considera como se fossem filhos e filhas, e pediu para tratá-los como tal. Mas parece que fui mal-informado quanto ao número de Príncipes e ao número de Princesas.


O grupo seguiu em silêncio por mais algum tempo e entrou numa espécie de acampamento. O dia já estava se encerrando e a noite começava a aparecer no leste, para onde estavam indo. Salif indicou uma barraca onde todos poderiam passar a noite sozinhos, se quisessem e...

- À noite haverá bebida e comida para quem quiser. Reúnam-se a nós ou descansem aqui; o que desejarem nos fará felizes. Eu estarei por lá. Até mais tarde!

Por meia hora conversaram e relembraram de Rahmud, Ayesha e da Cidade À Margem da Meia-Noite.

- E de Jimmy Whitacker! Eric resmungou sobre o velho colega deles.

- Será que veremos Rahmud outra vez?

- Eu não gostaria de encontrar Rahmud de jeito que estou, mana.

A frase de Bobby os fez lembrar dos problemas mais recentes. Estavam tão felizes que quase tinham esquecido.

- Talvez ele saiba como fazer vocês dois voltarem ao normal...

Sheila chega perto de Hank.

- Seu pé está legal?

- Ainda dói um pouco para andar. Mas está melhorando.

Era noite agora, e barulho de passos se aproximando pôs todos em silêncio. E uma face conhecida apareceu por entre as cortinas que faziam entrar na cabana: o próprio rei Rahmud.

E a mesma face de intensa alegria se mudou em completa surpresa num instante.



[continua...]





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