Depois de nove anos de namoro, e uns cinco de platonismo, finalmente amigo meu da época do colégio se casou neste sábado, e como era perto da casa de Bruna, a convidei, e a mãe liberou a menor de sair de casa com o namorado antediluviano.
Assim, me empeteco todo, lavo o cabelo, faço a barba, ponho camisa social, jeans novinho, sapato. Corto as unhas, coloco as meias do lado direito, não esqueço o desodorante, separo dinheiro para os táxis - prometi levar meu doce da casa dela até o casamento e vice-versa de forma decente - e parto para a viagem de quase duas horas.
Mateo Bei, Aricanduva, estação Carrão. Sé. São Judas.
Lá no céu, nuvens de chumbo, talvez anunciando chuva, talvez não, se sim, provavelmente uma aguada rápida, ou aquela garoa besta com genoma paulistano. De qualquer forma, não chovia e nem estava pensando em chuva quando peguei o busão final, que entrou na Miruna...
Falar que choveu é redundância, está todo mundo esperando que eu fale isso.
Falar que choveu muito também é redundância. Se fosse uma chuva besta, não ia valer um texto para calar os grilos cantantes do blog, né?
...será que se eu disser que a visibilidade lá fora não chegava a cinco metros tá bom? E com baldes e baldes de água caindo por metro quadrado sem parar, e trovões, raios, relâmpagos e tals. Foi isso.
E a cereja de todo esse bolo é que o ponto em que eu desci não tinha cobertura, e logo um mushi arrumadinho foi convertido num mushi encharcado, correndo para lá e para cá com celular na mão - invocando a namorada com conexão péssima - rezando pros raios ficarem longe daquele bairro altamente árborizado, se escondendo toscamente naquelas marquises minúsculas de bairro residencial. Logo me ilho numa esquina mais seca, aviso a namorada onde tou - maldita linha chiada - e logo vejo o carro do sogro chegar e passar por mim sem me perceber.
E lá vai um mushi correndo atrás do automóvel que se afastava para longe. E lá vai metade da chuva atrás de mim ir me abraçar na corrida. Enfim sou localizado, identificado, embarco no veículo e vamos para a casa do sogro, onde uma namorada linda, de vestido longo verde fica pasma com o estado do namorado, que tinha até se arrumando antes do dilúvio :|
Sogra me arranja uma toalha, me seco, torço a calça com cuidado e a seco. Bruna tira o excesso de água da minha camisa social com secador de cabelo. Meia hora de serviço, eu e ela somos levados até o casamento do meu amigo.
Chegamos no meio da cerimônia anglicana (hoin?), comemos (comida brasileira e japonesa, já que a família da noiva é de descendentes :), 'dançamos' anos 60 e 70 (dançar não é um verbo que se aplica a mim), e bem antes das doze badaladas levei quem amo para a casa do pai dela, de táxi como planejado. :)
Ao menos não gripei até agora.