7 de dezembro. Chega na minha caixa postal um e-mail assim:
"Tudo bem?
Queria muito seu contato telefônico, estou fazendo uma matéria para a Folha de S. Paulo sobre os maiores doadores da cidade e soube que você é quem mais dá gibis para a Henfil.
Aguardo retorno,
Danila Moura
Folha de S. Paulo
revista sãopaulo
[repórter]"
0_0!! <- minha cara na hora que li isso.
Coleciono quadrinhos de heróis desde época em que os anos começavam com "1" e tanto a leitura das revistas quanto o hábito de coleciona-las - procurar antiguidades, organizar as revistas e conservar a coleção - fazem parte da minha formação como pessoa, para o bem e para o mal^^
Problema é que na medida que a coleção cresce, outras facetas da tua vida também crescem, e uma hora você constata que não dá para carregar tudo o que você tem, vai ter de aliviar peso para continuar indo para a frente.
(Sim, isso foi uma metáfora. Se você for burrão, vai achar que eu carrego todos meus bens na mochila. Se for um simplório, vai pensar apenas nos gastos com revistas...)
Separei minhas revistas em três grupos: as que tem valor sentimental (afinal, por quê vou me separar das boas histórias? Ou das nem tão boas mas que carregam boas lembranças associadas? XD), as que tem valor monetário (tem coisas aqui que valem algum dinheiro, só preciso aprender a encontrar seus compradors) e o que não é coisa nem outra :P
Por um tempo, tentei vender aqui no blog os dois últimos grupos de revistas (procurem por "Inutilia Truncat" na busca da geladeira), mas vender uma coleção é algo a passos l...e...n...t...o...s... demais para quem quer se livrar de coisas que a cada a dia se parecem mais com desperdício de espaço.
Daí, achei melhor doar várias revistas (e alguns livros) para a escola onde meu pai trabalha e muita coisa para a Gibiteca Henfil. Foram muitas viagens com sacolas cheias de "formatinhos" e algumas revistas em formato americano, coisas que se vende por menos que o preço de capa no Mercado Livre. Para quê segurar? Já as consumi, não me apeguei, melhor passar adiante, para a comunidade ^_^
E pelo jeito, eu chamei a atenção de alguém...
Claro que pode ser spam ou algum tipo de golpe. Mas rapidinho chequei o nome da repórter no expediente das revistas e, numa googleada, achei o twitter da repórter e mais algumas indicações de que ao menos existia alguém na Folha com esse nome. Respondi, depois recebi resposta, etc ("Queríamos conversar com você para saber se topa vir aqui até a Folha hoje ou amanhã. Vamos entrevistá-lo e fazer fotos. É uma matéria bem bacana, queremos incentivar que mais pessoas façam doações. Quanto ao deslocamento, não se preocupe, o motorista da Folha irá buscá-lo e o leva para sua casa." "Que horário seria a matéria, pq trabalho em horário bancário e moro no extremo leste da cidade, quase Angola x)" "Peço para o carro te busar nesse endereço às 19h? ocê pode trazer uns mangás para fotografarmos junto?")
Aceitei. Dia sete foi uma quarta, na sexta chovia horrores e eu esperava portão esperando um veículo do jornal (insira aqui causos de aparecerem mil taxis na tua rua só pra te enganar, quando eles normalmente nunca passam por ali). E, sim, atrasou :P
E vou ser sincero: não esperava muito dessa entrevista, geralmente juntam muita informação, colocam pouca e pela própria proposta do texto, tava na cara que eu seria apenas uma peça em um mosaico. Aceitei pela curiosidade em ver uma das sedes do PiG grande redação por dentro e principalmente pela quebra de rotina. Afinal, era de graça e com transporte me deixando na porta de casa, né? :D
A entrevista em si foi rápida, a repórter foi simpática, rápida (era fim do expediente de sexta, relevem) e pontual. Levei algumas revistas mais coloridas, tirei uma dúzia de fotos (dois fotógrafos que sofreram para me fazer ficar numa pose decente e manter o sorriso até clicarem) e logo estava a caminho de casa - como previ, gastei mais tempo na ida ou na volta que conversando e fotografando.
Enfim, alguns domingos depois, dia 18:
Se você tocar com o ponteiro do mouse, a imagem cresce.
(Bizarro, dôo mil gibis não queria mais, viro matéria de meia página da revista da Folha e herói da família por tabela o.o')
E eis minha cara mal-lavada na revista, carregando gibi dos X-Men (a edição encadernada que aparece aqui) e camiseta com personagem do wannabook - Agnes :)
Quem me conhece sabe que a matéria tem mil errinhos, mas nada que vá me deixar careca de preocupação ou raiva :P "mushi-san" não é nome de personagem algum (culpem o ICQ e algumas colegas pela criação e perpetuação do nick) e nunca colaborei com a biblioteca Viriato Corrêa - lá era a gibiteca Henfil nos seus primórdios, e eu frequentava lá para assistir animes e ver amigos.
A semana pós-cara-feia-estampada-na-revista foi legal, parentes comentando, levando a revista pros colegas verem. O ego em alta, mas dividido: seria mais legal ser reconhecido por mérito próprio (tenho site, desenho toscamente, tenho textos incompletos que nunca terminam)(desenhos também), não por ter tomado uma decisão que pra mim foi simples bom senso.
No fim, tudo foi uma experiência legal, mas aí, no fim daquela mesma semana, aconteceu algo ruim. =(
...por isso que este texto só está saindo agora.