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Não era velho, não era feio.
Se considerava rico, mas não em dinheiro.
Era contente, mas não era feliz.

Juntou tudo no quintal, cada bem, cada nome, cada memória, fez uma enorme e irrevogável fogueira.
Não pediu demissão, não se despediu. Esqueceu-se.

Foi.

Historinha de Fadas que o pai de Klara, uma personagem minha, vai contar para ela.

(isso, to tentando escrever um livro do começo ao fim, nem que ele fique na gaveta depois)

update: corrigir alguns errinhos e dei um leve upgrade. Não que alguém se importe... XD (30/4/8)


tempera.jpg

Vocês já leram o roteiro original aqui na geladeira, agora tem uma versão no mushicomics, com arte e co-autoria de Wa-chan (Hime-sama!) ^^

Leiam e comentem! ò_ó

sandy1b.png

E hoje começa história minha no mushicomics: Sandy, com arte de Robson Maia (autor de Panquecas Voadoras e Hate 4 Ever). Na verdade, o roteiro da história é um dos mais antigos que eu tenho, de 92~93 que fiz (em épocas diferentes) com dois grandes amigos de colégio que até hoje mantenho contato.

A versão que vou por no site é uma tentativa de juntar elementos das três* versões que tiveram, com melhorias. Assim espero :)


* Não é só Raquel que sofreu deste mal...

O que estou escrevendo atualmente, na verdade, reescrevendo:
http://www.mushi-san.com/0mnia/003.php

todo comentário é venbindo.

"Eu me sinto vazio: sem amor, sem ódio, sem esperança, sem idéias, sem deus.
Tento me agarrar a todos estes conceitos em busca de me sentir viver de novo, mas eles me escapam de meus dedos e de minha alma. Será que ainda tenho alma?
O que eu fiz para merecer isso, essa condenação sem graça, essa vida em tons de cinza? Sinto falta do ódio e do amor vermelhos, da dor verde, de paz azul. Dos meus degradês emocionais, das minhas ilusões repletas de layers e alpha channels, das minhas esperanças sólidas e em cinco dimensões.
Agora está tudo gasto e desbotado, e sinto dificuldades em dar alguma cor nova ao mundo."

Ele era um homem preso, livre segundo a lei dos homens, mas amarrado pelas forças do Mundo. Certa vez, andando na Mar Mediterrâneo, uma menina parou e o encarou. Seus olhinhos vivos e negros liam seu corpo empoeirado e sua alma cinzenta como ninguém mais no mundo poderia fazer.
- Você é mais forte que eu.
- Claro que sou. Sou um homem adulto, e você é só uma menininha.
- Você não entendeu...
- Não, não emtenti, acho que gostaria de entender, mas mesmo se eu entendesse, seria por aquo - aponta para a cabeça - e não por aqui - aponta para o próprio coração. Desculpe.

E desde este dia, ele encontra uma maçã, flores ou outras pequenas coisas coloridas todas as manhãs, na porta de sua casa. E assim mesmo, não consegue sair do labirinto cinza onde ele mesmo se enfiou.


Quanto à menina, ela arrisca a virar cinza também, presa numa rotina tão infrutívera quanto à dele.

parte 1 - parte 2

iii
Mas eles não eram tão burros assim. A janela estava trancada e aparentemente dava para um barranco. E eles não eram tão estúpidos a ponto de deixar a porta destrancada, né?
(após ouvir o narrador, Klara arqueia as sombrancelhas e vai testar a porta)
- É, concordo, não são tão burros assim.
Ela estava presa mesmo e se... de repente, quem sabe, essa situação toda não era um sequestro de verdade, mas uma brincadeira dos amigos dela. Não, não podia ser isso... todos os amigos dela estavam agora na sala de aula, rezando para que alguém invadisse a escola e os sequestrasse antes entregarem a prova pra professora corrigir.
- Uia! Não vou tirar zero!
Ao menos uma vantagem.

Klara estudou por duas horas seguidas, mas não tocou em nenhum dos livros e apostilas da sua mochila, um monstrinho que um dia arrebentaria suas costas ou seguraria uma bala de bazuca vinda por trás. O que ela estudou era cada frestra fresta, azulejo e canto do quarto. Chamar aquilo de "cárcere" seria supervalorizar a locação... e sentiu fome. Como meu lanche ou peço por comida? Não, pedir por comi... hmmmm, faz tempo que não ouço vozes. Arrisco?
E sem pensar, ela atira a bolsa pela janela - com lanche, livros, cadernos, apostilas, agenda, caneta e hello kitty - quebrando o vidro e abrindo o caminho para uma fuga vertical.
Para baixo todo santo ajuda :P

つづく

parte 1

ii
Pelo jeito eles eram péssimo sequestradores: dava para ver nitidamente o rosto deles por baixo das meias que eles usavam como máscara. O nó que amarrava a corda em seus braços era tão eficiente quanto o que ela usava pros cadarços. E eles nem se preocuparam em vendar os olhos da vítima, que marcava mentalmente os supermercados, nomes de ruas e linhas de ônibus que cruzavam o caminho do automóvel. Sob o ponto de vista da eficiência, aquilo ali era uma tristeza e nossa heróina - de mãos desatadas - só não reagira por prudência. Apesar de tudo, os dois homens estavam armados, e idiotas armados são mais perigosos que profissionais.
Em algum momento do trajeto, alguma partícula de sabedoria acertou a mente do sequestrador do banco de trás, que pôs um capuz na menina. Esta por sua vez, contou as três esquinas que eles viraram antes do carro parar e ordenarem para ela sair do carro. Sob o capuz, Klara sentiu o brilho do sol, teve a completa noção de estar pisando em asfalto antes de ir para a calçada, ouviu crianças brincando ao longe enquanto uma arma estava apontada em suas costas. Alguma planta de jardim bateu em suas pernas enquanto ela avançava no quintal - sua imaginação desenhou um caminho de cacos de cerâmica vermelha levando do portão à porta - até chegarem ao que sensivelmente seria uma varanda e ser levada por poucos cômodos até seu cativeiro.
Um dos homems mal-mascarados tirou o seu capuz, e a trancou no quarto: amarelo-descascando-revelando-tijolos-de-barro, piso de cerâmica vermelha (bingo!), porta de madeira não pintada, sua mochila pendurada num gancho e... uma janela? o.O'
Santa incompetência.
E nem para ser vítima de um sequestro normal ela estava conseguindo ser...

つづく

São Paulo, 1988. Sete horas e doze minutos de uma manhã de sol de um dia tão sem graça quanto qualquer outro que dia que contenha aulas, por isso Klara não estava particularmente sonolenta, desinteressada ou animada em ir à escola. Como todos os dias, saiu de casa pelo enorme portão, deu tchau à mãe que cuidava dos afazeres domésticos e como um robozinho social, avançava passo a passo em cima da calçada no ritmo impresso pela rotina para chegar na escola de sempre.
(ela teve um sonho esquisito, mas esqueceu de lembrar)
Ela estava na oitava série, gostava de música e escolhia os filmes para ver de acordo com o consenso de seus amigos e quais atores que estariam na tela grande. Comia no Mc mais de uma vez por semana, mas planejava dieta toda segunda-feira. Se achava gorda, embora estivesse na parte mais baixa da categoria "Peso Normal" no IMC (Índice de Massa Corporal), odiava seu cabelo (lisos e loiros) e faltando apenas três quarteirões para sua escola suas preocupações se reduziam a duas: a prova de matemática na primeira aula e como se vingar de Serginho e "daquela perua".
Enfim, tinha uma vida sem graça, era uma menina sem graça e se esforçava muito para isso. Nem em pensamento tinha se expressado assim, mas era da filosofia que o mundo era cruel com quem era diferente.
São Paulo, 1988. Sete horas e vinte e três minutos de uma manhã de sol de um dia tão sem graça quanto qualquer outro que dia que contenha aulas, o mundo prova para Klara que ele era também cruel com quem era igual a todo mundo, de forma simples e eficiente: uma janela de carro aberta, exibindo um revólver apontado para a menina. Ameaçadoramente, claro.
- Entra. De bico fechado.
Pronto, Klara não era mais uma pessoa normal, era uma sequestrada!

つづく

" [1]

Início da noite.

Em cima dos portões, entre a rua e o amplo quintal da mansão Xxx, Mimi está sentada sobre as patas traseiras, seus olhos fixos na velha casa onde foi criada e finalmente expulsa. Para o leitor, não dá para decifrar o que ela sente.
- Finalmente aconteceu, né?
Outro felino se aproximara pelo muro.
- Oi, Gray. Como você sabia que eu estava aqui?
- Seus guizos. Até os gatos chineses sabem onde você está.
- São tão barulhentos assim?
- Sempre achei que eles seriam a sua ruína. Foi por causa deles que te chutaram, né?

"(Outro parênteses: estou sendo um narrador injusto aqui. A equipe tem técnica, muita, e os alunos também esqueciam de voltar às aulas por causa da qualidade de jogo. Mas para os meninos, a disputa entre "prestar atenção nos peitos das meninas" versus "prestar atenção no jogo" era... preciso MESMO dizer o que era, leitor?)"

Continuação do texto que comecei aqui

E não escrevi mais pq deu vontade louca de mexer no blog, na página de Caverna do Dragão e tenho de fazer as contas pra viagem pra Recife XD

Não sei como é para os outros, mas inspiração pra mim é um treco chato. Ela vem assim, sem avisar abrindo uma portinha na minha cabeça através usando uma linha de pensamento qualquer, e rapidinho toma conta da casa como se fosse dela.

Essa parte é legal, faço tudo num pique só. Por dois-três dias, meus esforços estão direcionados pra trazer ao mundo real o que a ocupante da casa dita. Planejo, procuro instrumentos, referências, faço rascunhos e executo. É bom isso, vale a satisfação :) Tira um tanto o gosto da boca, o gosto de que estou perdendo tempo, ou estão perdendo o meu tempo enquanto espero acordarem.

Mas dura pouco. Em cerca de meia semana a volúvel da dona Inspiração cai fora, só deixando seus ecos dentro da casa vazia. Ainda tento fazer algo pela inércia deixada, e por que não gosto de deixar nada pela metade. Mas não sai nada bom, ou ao menos, não sai como estava no começo.

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A reforma da geladeira em que criei os post-it de tamanhos diferentes foi algo assim, de sopetão, mas perdi o pique pra fazer todo o planejado (tem mais pequenas coisas pra serem implantadas que não foram por que faltou inspiração ^^) e o texto a seguir tá seguindo o mesmo caminho:

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