(por Stefano Tamburini, Gaetano Liberatore; Alain Chabat)
Ranxerox é uma HQ punk italiana do começo dos anos 80. Apesar do personagem ter poucas histórias, foi bastante influente para os quadrinhos pela arte excelente de Liberatore e a falta de pudores de Tamburini, o roteirista: praticamente toda página tem uma arte linda, um fiapo de roteiro e um “que porra é essa?!?” acontecendo.
O personagem-título é um robô forte, violento, feio, num futuro distópico onde a vida vale nada e a violência é cotidiana. Muita gente morre de forma besta, há diversas cenas de sexo (Lubna, a namorada/mestra de Ranx(erox) tem 12 anos e mais de uma vez aparece sentada do robô de forma NSFW), drogas (além de tudo, ela é viciada em heroína)(até ler esse gibi, nem sabia que essa droga tinha mais de uma cor) e os fatos se encadeiam de forma absurda para contar uma história ou algo assim.
# Veredicto: esse gibi ficou 14 anos na minha estante e agora pode procurar outro dono =p Não que ele seja ruim - inclusive é uma HQ referencial - , mas não é o tipo de história que pretenda reler (apesar de talvez por uma pincelada ou outra desse mundo em alguma história minha).
# Bom: o futuro distópico (nem tão futuro assim: 1988) tem personalidade, graças em parte à arte. Também é digna de nota a introdução do Rogério de Campos (o autor dO Livro dos Santos), que põe de forma excelente o contexto em que a obra foi criada (e também é um texto de fã, onde o fã também é um bom vendedor do que gosta)
# Mau: a primeira HQ do personagem é um fanzine e a arte pode desagradar alguns. Roteiro não é o forte do personagem, mas a última história peca mais nisso que o restante da revista. Comento abaixo^^
192 páginas • R$ 49,90 • 2010
Notas:
1) existe uma edição mais recente da Comix Zone, não sei se tem texto introdutório ou algo que situe o leitor.
2) o personagem Guido Carosella, mutante de ascendência italiana da Marvel tem toda a cara de ter sido decalcado no Ranx.
3) Stefano Tamburini, o roteirista e criador de Ranxerox, morreu de overdose de heroína em 1986, deixando a última história incompleta. Anos depois outro roteirista, Alain Chabat, fechou a trama. Mas achei a história meio que fora da curva do restante da série: tem altas revelações (tipo o status social e a família de Lubna) e é menos cotdiana (dentro do contexto daquele mundo), além de ser bem fragmentada e terminar com o Ranx terminando quase como um herói inspirador.
Aposto que Chabat não percebeu algo óbvio logo nas primeiras páginas: tem um gancho enorme para sacarem o velho clichê de “e foi tudo um sonho”. E essa historia faria bem mais sentido dentro do conjunto se fosse tratada assim =p
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