(não sei que nome dar a este post, porque foi o encerramento de algo Muito Grande e é o início de Algo Maior. Então vai essa coisa críptica mesmo)
No principio eu morava e trabalhava em São Mateus, extrema-ZL, e isso era bom.
(acreditem, era um canto bom do bairro, perto de duas avenidas, todo tipo de comércio, praticamente uma ilha auto-suficiente para estes pequenos comércios diários).
Então foi feito o amor, e entre outras coisas fodas, o amor trouxe uma casa nova em outro bairro.
Então fiquei residente em duas casas, devagar trocando da antiga, de meus pais, para a nova, sempre trabalhando na mesma agencia em que estava há muitos anos.
Mas, então o monotrilho quebrou, cortando a ponte entre a casa nova e a velha.
E, em seguida, veio a pandemia, que terminou de me fechar o caminho até a casa nova por meses.
Nos tempos mais sombrios e assustadores da pandemia, fiquei uma época em home office e depois de semanas, pude rever minha namorada (jurava que foram meses, aí fui recordar direito com ela quanto tempo foi). Nessa etapa, meu pai me levava de carro, pois era arriscado usar transporte público e ainda não existiam vacinas.
Assim era para ter sido 2020: eu saindo da casa nova ate a casa de meus pais, dar um “oi” porque ela ficava no caminho do trabalho, e ir trabalhar. Na volta, dar outro “oi” para eles antes de voltar para a casa nova.
Na verdade, isso aconteceu umas duas ou três vezes vezes antes do monotrilho quebrar.
Mas, na realidade, 2020 foi assim: eu ia a pé da casa de meus pais pro trabalho e voltava, ficava isolada no meu quarto para não correr risco de contaminar meus parentes. Andava dentro da própria casa de máscara.
Fim de semana sim, fim de semana não ia para a casa nova e ficava com namorada - que vivia um isolamento mais forte que eu por conta do home office. Nos outros ela ia para a casa dos pais dela.
Então meus pais compraram em outra cidade uma casa nova e começaram a reforma antes de mudarem para lá.
E os ventos de mudança continuaram a soprar: fui tirada de meu posto de trabalho, depois de muuuuuuuuitos anos, a contragosto. Odiei, foi uma experiência horrível (a atitude da chefia, não meus colegas do lugar que saí nem do que fiquei), mas me colocaram em outra agência que era praticamente na porta do monotrilho, o caminho para a casa nova.
Em 2021 as coisas começaram a esclarecer e com algumas vacinas tomadas eu já ousava ir de monotrilho para a casa nova, em vez de alugar meu pai e seu carro. E, no fim daquele ano, minha mãe dizia que iriam se mudar “mês que vem” para a casa nova.
2022 veio, mas o tal mês que vem não - virou piada interna, quase que dia de são nunca :P. Aos poucos a casa nova de meus pais ficava pronta, aos poucos eu terminava de mudar minhas coisas para minha casa nova com namorada. Até que em setembro tive férias e a promessa de que a mudança ocorreria nelas. Como previsto, a maldição do “mês que vem” era forte, houveram adiamentos para o começo de outubro.
Durante as férias mudei meu gato, Raji, da casa de meus pais para o apartamento com namorada: a casa nova de meus pais tinha muros baixos e ele, bobo e vivendo sempre dentro do quintal, poderia sair e não voltar. Mas essa é uma saga pra outro post =p
Na quinta antes da mudança final empacotei tudo o que faltava, exceto o básico do básico para mais um dia. Desliguei meu PC moribundo, talvez pela última vez, já que tinha um novo na outra casa. Essa máquina tinha bem mais de 10 anos, o HD já estava a ponto de morrer e ela mesmo não estava aguentando os programas mais novos sem travar, ou dar pau na placa de vídeo, etc. Como a gente diz, foi bem amado, e um bom companheiro.
Mas foi triste ele perguntar se podia atualizar o Windows antes de desligar pela ultima vez ;_;
Sexta de manhã levaram o resto de minhas coisas, fui trabalhar, voltei, dormi na sala: o colchão da cama velha tinha ido embora. Sábado foi dia de por o resto da mudanca de meus pais no caminhão, fechar tudo e dar tchau para a casa em que estava desde... antes de muita gente aqui nascer =p
O dia terminou em pizza na casa de minha irmã e eu indo finalmente mudando de vez pro bairro novo, começando nova rotina... e com um monte de coisas espalhadas no chão pra organizar, sabe-se lá quando - ainda não foram.
De qualquer forma, agora não tem mais para onde voltarem ^^
Meus pais são do Paraná, se casaram em Colorado, vieram para São Paulo e nasci em Santo André. A vida não deu certo aqui, e eles voltaram pro Paraná, em Paranavaí, onde nasceu meu irmão. As coisas também não deram certo lá, e viemos morar em São Paulo depois de minha irmã nascer em Colorado.
Num primeiro momento vivemos numa edícula na Aclimação, depois numa casa de fundo na vila Nhocuné e poucos anos depois mudamos para uma casa alugada em São Mateus. Na época meu pai trabalhava em um banco e perguntaram para ele: “um imóvel financiado deu problema e foi esvaziado. Quer ir morar de graça lá, só pagando luz/água até ser financiado de novo?”
Claro!
E nos mudamos para o sobradinho perto da Mateo Bei em que ficamos quase o tempo de duas maioridades =p Quando apareceu comprador para a casa que ocupávamos, meu pai conseguiu financiar antes e quitou a casa em vinte anos.
Nesse meio tempo muita coisa aconteceu: muitos bichos vieram e se foram, meus irmãos saíram e voltaram e saíram de novo. Houveram reformas (a maior e melhor em 2011)
Da minha parte, muita coisa minha aconteceu lá: este blog foi criado lá, meus diarios em codigo e minhas histórias também. O bairro de Klara, no mundo dela, tem como centro as coordenadas daquela casa (a Mansão Agostini, no centro da Praça Jerusalém) e assim vai ser para sempre. Todas as viagens que fiz voltavam para lá... e dá para fazer uma infinidade de citações de coisas que fiz, comecei e até terminei lá. Uruca, Bambam, a tartaruga, Batman, Chocolate, Bóris, Téo, Sansão, Raji, Juju, Camilla (e seus irmãos), entre outros bichos viveram, às vezes nasceram, às vezes morreram lá. Lyra, a gata de uma amiga, nasceu lá.
....e foi muito estranho quando tirei as últimas fotos correndinho - porque não tinham porque me esperarem - e vi fecharem a casa pela última vez como moradora de lá.
A região decaiu, em parte pela pandemia, mas foi onde cresci e aprendi sobre mim mesma. Rezo pros próximos anos fazerem os anteriores serem um rascunho de tempos melhores (amém!). Vão ficar a saudade, um trilhão de lembranças e fotos, mas ciclos tem de encerrar, né?, e vamos usar o que passou como matéria prima para o que vem ser bem melhor =)
(e nossa casa nova, um apartamento, é chamado de QGG, Quartel General do Gato, porque a gente cria gatos feitos de sonho, além de dois felinos fodas e um coelho que consideramos o terceiro gato da casa)(fora quatro chinchilas :P)
P.S.: texto escrito em outubro, com retoques de agora. Foto de 13/10/22
Discussão
Eu não tô chorando, foram os ninjas cortadores de cebola que passaram voando aqui.