Antes de tudo: como tenho amigos estrangeiros, o blog vai ser kinda bilíngue daqui pra frente, dependendo do meu humor e preguiça (por exemplo, esse post é grande, então não vou traduzir :P). Como é público e notório, meu inglês é R•U•I•M, aceito correções, mas não levem essa tarefa muito a sério, ok? :P
Fim do ano passado, surtei de pedir passaporte: fiz e paguei a requisição no site da Polícia Federal, algumas semanas depois fui em um posto entregar a documentação, recolher as digitais, etc. Em duas semanas o teria em mãos :D Aí, entre uma data e outra, torci o pé e do dia de ir buscar, decidi ir mancando mesmo, debaixo de chuva (isso é, tava caindo um dilúvio aquele dia e a besta aqui impossibilitada de correr, mas teimando em não levar guarda-chuva) pegar o dito cujo.
Mas, só depois de semanas de ter tirado, decidi o que fazer com ele...
Bom, um dos meus critérios pra viajar é ter gente para conhecer do lado de lá. Foi assim quando fui pra
Recife e pra
Brasília, foi assim quando fui pra FIQ em
Belo Horizonte e também nas inúmeras vezes que visitei o
Carioquistão. Tenho amigos nos EUA, mas por
motivos técnicos resolvidos só recentemente, eu estava impossibilitado de vê-los (#
lalala). Mas no Japão tenho um amigo de colégio morando lá desde o século passado, e um punhado de anos atrás ele deu as caras por aqui a serviço, por que não ir lá?
(
"por que não?" é a pergunta que mais me fez fazer coisas esquisitas de que não me arrependo ^^)
Conversei com ele, beleza. Meus plano de mushi envolviam eu ficar na casa dele e economizar uma fortuna em hotel =P Mas isso furou por que a mãe dele não estava bem (e deu alguns sustos na gente no começo do ano) e estava morando com ele, pçortanto eu não caberia lá. Ok, vamos ao plano B: hotel. E comprar passagens,
comofas/Aí, comentei meus planos de viagem para a @
Apocrypha, que falou que amiga dela trabalhava numa agência de viagens, e me passou o contato :) Sei lá, eu tinha receio de agência de viagens, o Adilson tinha até me indicado algumas usadas pela colônia aqui - mas eu imaginava burocracia, engessamento de roteiros, além da minha fobia crônica em entrar em lojas e perguntar =_= - mas no fim das contas foi o
melhor que fiz:
eu não tenho tempo e skill para organizar todos os detalhes da viagem,
eles tem. Mesmo pagando um tanto a mais (e acho que paguei
a menos, agências costumam ter descontos em passagens e tal por fazerem compras grandes), o que eu economizei em aspirinas e tempo é
priceless X)
Ok, contatei a Patrícia e por trocentos emails com ela (
e com alguns repassados para o Adilson), fomos acertando os detalhes: ficaria 10 dias lá, sem um roteiro fixo para seguir -
meu plano sempre foi ter uma "base" em Tóquio e de lá decidir pronde ir. Como o consulado japonês EXIGE que você
já tenha pago avião e hotel para
depois pedir
o visto, a aventura já começa dando as primeiras facadas épicas no orçamento XD
Também consegui marcar as minhas férias para o fim de abril, concidindo minha chegada no Japão com a
Golden Week, uma série de feriados emendados lá, praticamente uma "
semana do saco cheio" nacional x) Isso daria alguma liberdade para meu amigo me ajudar por lá, mas também seria outro motivo para eu reservar hotél o mais rápido possível.
Como meu RG decidiu estragar, decidi
tirar um novo antes de mandar a documentação pro visto, e depois enviei tudo (original e xerox de trocentas coisas) pelo correio. Aí, soube que, por orientação do despachante da agência de viagens, eles aguardariam algumas semanas para fazer a solicitação: como o visto japonês tem validade de só
três meses, era melhor pedir um pouco mais em cima da hora para ele não vencer antes mesmo de eu começar a viagem o.o'
Nesse meio tempo, também decidi desenferrujar meu conhecimento tênue de nihongo pelo
Livemocha - eu pegaria mais firme nos estudos em abril - e também decidi que ficaria quieto sobre meus planos de viagem no twitter e blog, seria legal fazer uma surpresa para todos né? "
oi, adivinhem onde eu tô agora? XD"
Então que a natureza decidiu me trollar e tornar minhas férias épicas antes mesmo de embarcar: no níver de
um ano de Milla, houve o
terremoto no Japão e todo mundo sabe dessa história.
E aí, viajo ou não? E radiação? Como estão as coisas lá? Amiga japonesa me fala que
NÃO DEVO viajar. Outro me fala que ela é assustada e que Tóquio está tudo
relativamente ok, tirando o racionamento de energia ("
a crise no Japão vai ser em agosto, com o verão de trinta graus e os ar-condicionados desligados..."). Cada novo tremor e notícia de Fukushima vinha gente da família e do msn me recomendando que talvez não fosse boa idéia eu ir pra lá, ainda mais quando declararam
nível sete pro desastre nuclear.
Como o maior
inimigo do medo é a informação, passei esse mês e tanto lendo o que podia sobre o desastre (
CNN (mais histérica),
BBC (um tanto menos histérica) e
Al Jazeera (que ganhou créditos comigo ao fazer uma boa cobertura na ocupação do
Complexo do Alemão) eram visitados diariamente) e sobre radiação em si (
o texto das bananas que traduzi foi um dos melhores achados contra a histeria da imprensa), acho que eu tinha
alguma tranquilidade.
Até por que evitei ver os telejornais daqui, afinal, televisão
não é exatamente um instrumento de
precisão jornalística, e sim de
entretenimento em massa.
(
meus 2 centavos sobre o "nível 7": não significou que a situação no Japão tinha piorado ainda mais aquele dia, mas que estavam assumindo que o desastre era tão ruim quando parecia ser. Foi uma alteração de nomenclatura com fins de Política, uma arte em que as palavras tem mais poder que na vida real: como o bicho agora tinha um nome mais feio que "nível 5", fica mais aparente pros burocratas o tamanho da caca para eles fazerem o que deve ser feito...)
Contador Geiger a venda em Akihabara por cerca de R$2700. Foi o único anúncio desse tipo que vi.Enfim,
quase desisti, mas decidi teimar e as pessoas começaram a falar menos para eu não ir a medida que o assunto esfriou no noticiário x)
Nesse meio tempo, os papeis foram enviados para o consulado:
reservas, extratos bancários de meses, holerites, declarações de imposto, carteira de trabalho (tenho mais tempo de banco do que eu gostaria, isso deve contar pontos a favor),
comprovante de férias... tudo com cópias. Os documentos chegaram no consulado, os funcionários olharam para eles e me negaram o visto por falta de renda.
Wat?! o.o'
Pois é. Os papéis nem esquentaram a mesa e foram rejeitados ¬¬ Me sugeriram juntar rendimentos dos
meus pais e uma declaração deles com firma reconhecida em cartório de que
eles estavam custeando minha viagem.
Wat²?! o.o
Po
wxa, já passei da idade de meus pais me custearem, pior, eu mesmo que tava bancando tudo, as transferências estavam evidentes nos extratos XD Isso
não colaria e eu teria um prejuízo do tamanho do
Kraken...
Mas. Colou. !. =_=
(
tenho lá umas teorias, mas não coloco aqui em público. Mas até entendo que o governo japonês é cismado com brasileiros dizendo serem turistas e se perdendo na multidão de ilegais, mas por outro lado, eu nunca passaria despercebido no país, tampouco me misturaria com a população XD E, desde a crise de 2008, muita gente decidiu abandonar lá e voltar para cá. Conheço caso de gente que casou com japonesa e deixou a esposa e filhos lá para ver se conseguia algo por aqui)
Enfim, eu tinha visto e todo o resto, só faltava agora os detalhes menores que deixei pro fim: ienes, roupas novas, preparar o site, bagagens, limpar
kindle e
Lapxuxa (fisicamente e de pirataria, nunca se sabe o que
podem implicar com você na entrada de outro país)...
E então, contei que por causa das preocupações radioativas, acabei não estudando japonês? XD