Adeus, Eri


(por Tatsuki Fujimoto)

Sabe aquela história que te faz ficar pensando nela por dias? Então, é o caso, mas não pela estrutura narrativa, nem pelos personagens ou mensagem, mas se achei o mangá bom ou ruim.

De certo ponto, ele é genial.
Yuuta, um adolescente, ganha um celular da mãe e ela pede para filmar a vida dela, portadora de uma doença terminal. Assim, praticamente todo o mangá tem uma diagramação de quatro quadros horizontais por página, como se quase todo o gibi fosse filmado por um celular na horizontal - do jeito que a Globo implorava uns anos atrás - e a narrativa conduzida pelo que a câmera do celular mostra.
Logo a mãe morre, acontece algo POR DEMAIS chato (especialmente para quem cria) com Yuuta, que tenta suicídio por causa disso, mas antes de morrer conhece uma garota chamada Eri (nada disso é spoiler: tá escrito na quarta capa da revista :P).

Lendo assim, parece que o mangá é bastante sensível, indo pro dramalhão, mas não: ele é relativamente “seco”, você não entra nos sentimentos dos personagens, o que fisga é a condução da história, que se revela não-confiável em certa altura, abrindo algumas questões sobre o que foi contado para a gente. A câmera daquele celular é uma janela para aquele mundo, mas, como toda história, é uma janela controlada.
Na verdade, sei lá se é confiável a idéia de que o narrador é não-confiável.

Mas... chegam as páginas finais e o autor chuta o balde. Não em ousadia, mas em por qualquer coisa para encerrar uma história, sabe, qualquer coisa, mesmo?
E fiquei com o gosto ruim na boca de ter lido algo extremamente bem elaborado ser estragado de forma idiota.

# Veredicto: ainda não sei se vendo ou se fica na estante. Se um projeto vingar, talvez tenha até resenha em vídeo :P
# Bom: a arte está muito boa, assim como o acabamento da revista. E as mentiras, cada uma das pequenas mentiras que minam o que você achava. De certa forma, esse gibizinho dá uma aula de roteiro. Outro ponto digno de nota são comentários sobre o processo criativo, especialmente por parte de quem cria (Yuuta e seu pai vestem essa carapuça algumas vezes) e do público (Eri e outros alunos)
# Mau: os personagens e suas motivações soam estranhos no começo, mas vou culpar o Yuuta por isso. A narrativa horizontal é ousada, faz sentido, mas da forma que foi usada desperdiça muito do potencial emocional. E explosões, claro.
208 páginas • 2024 • R$ 39,90 • no site da editora

E há uma resenha legal sobre o mangá no blog BBM.

Índice de resenhas e movimentações da minha estante:

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