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Uns anos atrás "resenhei" a edição americana destas tirinhas (sim, sou uma das afortunadas que tem Maxwell, the Magic Cat #4), mas nunca li de verdade porque meu inglês é aquela coisa capenga, a pilha de leitura sempre cresce e a vontade de evitar a fadiga me faz sempre colocar o que compro em português na frente. ...fora que dá um nervoso o medo de estragar aquelas revistas que foram meio... chatas de encontrar em preço pagável.*
Aí, surpresa!, este ano a Pipoca e Nanquim publicou todas as tiras em português, com vários extras inéditos!! E, pra juntar mais itens à lista de méritos, Maxwell não foi mais publicado em lugar nenhum do mundo desde essa edição simprona da Acme Press, de 1986.
Claro que comprei, né?
Ah, pra quem não sabe o que é um link e nem foi ler a resenha anterior, apresentações: Alan Moore é um escritor de quadrinhos fodão e no começo de carreira fez uma série semanal de tirinhas pra um jornal de Northampton, Inglaterra, onde ele residia, reside, residirá e todos os outros tempos verbais da terceira pessoa do singular do verbo "residir". As tirinhas sobre o tal gato mágico foram vendidas aos editores do periódico como infantis, sob pseudônimo (que escondia uma piada maldosa) de Jill de Ray para que Moore não perdesse o seguro desemprego, mas logo elas foram movidas outra seção por elas serem cada vez menos infantis - humor negro, personagens morrendo dolorosamente e comentários políticos eram uma constante - e ficaram lá até o jornal fazer um comentário homofóbico, terminando (quase que) de vez com a carreira do felino.
E o que achei? Alan Moore é um bom tirista, com traço melhor que o meu inclusive. Tem umas piadas inglesas demais para o meu gosto, outras fracas mesmo e algumas geniais - as metalinguísticas são minhas preferidas, mas as mais reflexivas (e cruéis) tipo os personagens falando que devemos inveja-los porque o mundo das tirinhas é melhor que o real (nem sempre, vai) ou o gato que crê ganhou o nobel olhando para o sol são daquelas me fizeram soltar um pqp! alto enquanto lia. Maxwell é um gato cínico e muitas vezes cruel (os ratos que o digam) e apesar de termos até uma pantera assassina entre os secundários, Norman Nesbit, o "dono" de Maxwell é o único digno de nota, até por ser o escada preferido de Maxwell.
(Fica a dúvida ele ainda pode ter filhos ou não)
Sobre a edição em si, os extras são legais: várias das tirinhas tem mini-textos contextualizando elas e no fim há várias ilustrações de desenhistas famosos, textos de época, textos nacionais com mais informações, uma tirinha "perdida" que escapou às compilações anteriores além da derradeira tira do personagem, publicada décadas depois do fim da série, em 2016.
#Veredicto: Livrão bonito, tiras dignas, mas, na média, nada que mude tua vida. Recomendado mais pra fãs de quadrinhos em geral e do barbudo de Northampton: não é o melhor Moore, mas é um bom Moore em estágio inicial e até mais desencanado.
# Bom: Os extras, contextualização e material inédito são, de longe, o melhor acerto aqui. Completismo do bem.
# Mau: Luxo exagerado na edição, com sobrecapa, detalhes em dourado, etc... só encarecendo um material que é pouco mais que "legal".
132 páginas • R$59,90 • 2020 • veja no site da editora
* tenho umas repetidas, caso alguém se interesse :Þ
Índice de resenhas e movimentações da minha estante:
...e estou vendendo parte da minha coleção, veja a lista aqui
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