• Skreemer (de Peter Milligan, Brett Ewins e Steve Dillon): uma das últimas leituras do ano passado, e uma mini-série que sempre ouvi elogios aqui e ali, mas nunca tive a oportunidade de ler. Num futuro pós-apocalíptico, onde uma praga matou boa parte das pessoas, a ruína do que eram os EUA viraram tipo uma colcha de retalhos de pequenos territórios controlados por "presidentes", na verdade gangsters. A história tem toda aquela vibe da época da Lei Seca, com todos os personagens "durões" (até as mulheres) e conta a história e a queda de Skreemer, o maior de todos os presidentes daquela era.
Curioso que o enredo se situa "num futuro", mas com poucos ajustes dava para coloca-lo em quase qualquer era sem perdas na trama. A narrativa contando duas histórias que se fecham depois do fim (uma é de Skreemer, a outra é do narrador) se encaixa perfeitamente, mas o final é morno (mesmo que com cenas chocantes aqui e ali), meio que por culpa do personagem título, que em alguns momentos se autodefine como uma estátua e, bom, emocionalmente é.
# Veredicto: muito bom gibi, mas também não é um clássico. Precisava de capa dura não.
# Bom: a arte casa perfeita com o roteiro; o mundo construído é escasso em informações mas é perfeito pra história que é proposta. As biografias dos personagens (em flashback) são muito boas e encaixadas muito bem no decorrer da trama.
# Mau: a revelação do "dom" de Skreemer é um elemento bem desnecessário, pra trama e pro personagem - que é do tipo que levanta o enredo mas também faz muito desabar. Outra muleta no roteiro que não funcionou pra mim foram as citações à Finnegan's Wake.
180 páginas • R$59,00 • 2017 • veja no site da editora
• Akira #1 (de Katsuhiro Otomo): Tetsuo e Kaneda são membros de uma gangue drogas encontram um estranho garoto paranormalidade aparece o exército tiros Tetsuo some Kaneda encontra gente subversiva misteriosa se envolve com eles perseguição depois decide ir atrás de Tetsuo que virou líder de uma gangue rival violência ~~~~> Tudo isso e mais acontece nessa edição, num ritmo frenético, diagramação invejável, linhas perfeitas e narrativa exata, praticamente sem barrigas.
Uma aula (de parte) do que o mangá é capaz.
# Veredicto: se não leu, tá moscando. E é um HQ rápida, tem o mesmo tanto de páginas que os dois outros gibis desse bloco de resenhas e você lê na metade do tempo de qualquer um deles.
# Bom: edição grandona, em preto e branco, no sentido oriental. Nada contra a versão dos anos 90 do mangá, com sentido de leitura adaptada pro ocidente e lindamente colorizada por Steve Oliff, mas prefiro (dentro do possível) ler/ver uma obra na forma em que ela foi pensada pelo autor
# Mau: a adaptação desse mangá para anime :P
364 páginas • R$69,90 • 2017 • veja no site da editora
• Astro City: Vitória (de Kurt Busiek e Brent Anderson): na edição anterior estava achando que a série estava ficando dependente demais de cronologia. Aqui meio mordo a língua, boa parte do volume é uma história até que bem auto-contida, apesar de ser centrada em personagens já apresentados e ocorrer em quatro partes:
• A Vista de Cima, A Vista das Sombras, A Vista do Coração e Vitória poderia ser fácil uma história da DC, já que temos Vitória Alada, Samaritano e Confessor (as versões locais de Mulher Maravilha, Super-Homem e Batman). Nela temos mais informações sobre a origem e os poderes da Vitória Alada, que é o centro e condutora desse arco: feminista, ela prioritariamente salva mulheres, tem vários escolas em que ensina mulheres a se defenderem, etc. Aqui tudo o que ela construiu é posto em dúvida, corre o risco de de perder os poderes e... bom, a história encerra e não preciso dar muitos spoilers :P
Mas o roteiro tem alguns defeitos na estrutura que me incomoda: o abatimento da personagem parece ter vindo mais do roteiro que da personagem, e um grupo de pessoas que supostamente são sábias e bem-sucedidas (a ponto de gerarem poder!) fazendo um julgamento raso e quase infantil - ficou a impressão que só havia uma voz de bom senso lá dentro, e se fosse assim, estas pessoas não seriam sábias tampouco bem-sucedidas :P
• O Guia do Visitante é uma peça em duas partes: 1) uma das melhores histórias (e mais curtas) da série, na minha opinião, em que uma turista entediada quer aproveitar de verdade suas férias em Astro City, e consegue :) (a página final sempre me faz rir) e 2) páginas de um guia turístico da cidade, com informações soltas sobre a geografia (tem até um mapinha!), história e personagens (com artes de vários artistas). Uma excelente forma de entupir o leitor de informações sem soar artificial.
# Veredicto: continuo achando que "não existe edição ruim de Astro City".
# Bom: o Guia do Visitante é pouco ambicioso em narrativa, mas é bem eficiente. O arco da Vitória Alada é uma história bem desenvolvida, que firmou um romance que estava no background e pôs o Confessor novo no mapa.
# Mau: faltou leitura crítica feminista no arco da Vitória :P E olha que você percebe opiniões no roteiro que devem ter vindo de terceiros (e certeza que o Busiek tem assessoria às vezes, o arco do advogado e do Cavaleiro Azul (em Heróis Locais) grita que teve: o escritor dá uma voltona no enredo para não queimar a advocacia e o próprio conceito de tribunal). Também achei dispensável a tradicional briga de heróis - isso nunca aconteceu em AC e não precisava acontecer - antes de irem atrás do vilão, que por sinal ficou devendo background pra ficar interessante.
180 páginas • R$25,90 • 2016 • veja no site da editora
lista de resenhas de Astro City:
1 - Vida na Cidade Grande
2 - Confissão
3 - Álbum de Família
4 - O Anjo Maculado
5 - Heróis Locais
6 - A Era das Trevas 1 - Irmãos & Outros Estranhos
7 - A Era das Trevas 2 - Irmãos em Armas
8 - Estrelas Brilhantes
9 - Portas Abertas
Índice de resenhas e movimentações da minha estante:
...e estou vendendo parte da minha coleção, veja a lista aqui
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