As Estrelas do Lábaro: faltou o Amor

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No texto anterior, prometi que ia falar de estrelas, mas vou adiar isso mais um capítulo, tá? Mas, para não deixar o post desestrelado, deixo aqui - sem relação alguma com essa série de textos - um poema de Juó Bananére, que entre outras coisas, escrevia sátiras de outros poemas do dialeto paulistano extremamente italianado do começo do século XX:

Uvi Strella

CHE scuitá strella, né meia strella!
Você stá maluco! e io ti diró intanto,
Chi p'ra iscuitalas montas veiz livanto,
i vô dá una spiada na gianella.

I passo as notte acunversáno c'oella,
Inguanto cha as otra lá d'un canto
St'o mi spiano. I o sol como um briglianto
Nasce. Ogliu p'ru çeu: _Cadê strella?!

Direis intó: _O' migno inlustre amigo!
O chi é chi as strallas tidizia
Quano illas viéro acunversá contigo?

E io ti diró: _Studi p'ra intendela,
Pois só chi giá studô Astrolomia,
É capaiz de intendê istas strella.

Já que estamos falando de gente antiga em língua estrangeira (ou algo assim), cito mais um, o filósofo francês Auguste Comte:


"O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim" (imagem retirada daqui)

Comte foi fundador do Positivismo, uma corrente filosófica bastante influente no século XIX, tão influente que um dos seus lemas acabou estampado em boa parte de nossos símbolos nacionais, a bandeira inclusa.
Só que, por algum motivo (mentalidade da época? orçamento com gráfica?), tiraram o Amor da citação....
ia até fazer piadinha que deve ser por essa falta de amor que o faixa sobre a esfera faz parecer que a bandeira tem uma carinha triste, brava, arrogante... mas o motivo tem mais a ver com a idéia de que "norte = cima" e "sul = baixo" que qualquer outra coisa. Se lembrar, falo num capítulo futuro :P


Inclusive, se um dia incluírem "amor" na bandeira, faço uma pesquisa e texto pra explicar direito o que era o Positivismo :P


Existe um elemento que está presente em praticamente TODAS as bandeiras do Brasil desde o descobrimento, mas também não vou falar disso agora, se lembrar falo depois :P
Mas, existe OUTRO elemento que está em bandeiras que circulam por aqui desde o século XVII: o céu.


No começo, era representado pela esfera armilar, que é um instrumento de navegação em forma de modelo reduzido do cosmo. A esfera está na bandeira portuguesa de navegação desde cerca de 1692 e quando o Brasil virou "Reino Unido com Portugal e Algarves"...

...ou, reino unido com a parte branca (Portugal) no mapa mais a parte vermelha do mapa (Algarve)...

...ela também estava lá, continuou na bandeira do Império (e hoje em dia está da bandeira portuguesa)

Quando o país trocou a monarquia pelo regime republicano, a esfera armilar foi embora de nossa bandeira, mas mantivemos nela a idéia de representar o cosmo.

Meio torto, mas tá lá. E é disso que quero (finalmente) começar a falar no próximo texto :P

[continua]

P.S.: todas as imagens foram pegas na Wikipédia, exceto quando citado :P
P.S.2: depois fui ver que Bananére parodiava muito Olavo Bilac, poeta parnasiano - o Parnasianismo era uma escola literária com traços positivistas :P - e que escreveu... o Hino à Bandeira! o.O
Tem umas coincidências que me assustam, viu? :P
P.S.3: em tempo: o texto original de Bilac é esse aqui.

1 Comentário

Adriana (Strix) em 29/01/20, às 23:26: Eu gosto de Ouvir Estrelas, gosto até daquela adaptação do Kid Abelha. xD Olavo Bilac tinha uma veia romântica debaixo daquele parnasianismo todo. xD Tb fiquei chocada quando vi os créditos do Hino à Bandeira pela primeira vez. XD (Reply)

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