• Beasts of Burden - Rituais Animais (de Evan Dorkin e Jill Thompson): Nessa demanda de, em 2019 em diante, tentar ler tanto quanto consumo (e tentar virar o jogo, a pilha de leitura dá pra umas 3 encarnações de tartaruga gigante de galápagos), Beasts of Burden foi uma das primeiras e das melhores leituras do ano: em Burden Hill, coisas estranhas estão acontecendo e um grupo de cães (e um gato) saem para investigar e resolver os problemas em diversas histórias curtas. Alguns dos comentários abaixo são afetados pela grande distância entre minha leitura e eu tomar coragem vergonha na cara para fazer uma resenha:
• logo no primeiro conto, Abandono, temos os traços característicos da série: mistério, terror (é uma história de fantasmas... de uma casinha de cachorro assombrada) e humor (óbvio que o gato do grupo sofre :P). Também aparece um dos Cães Sábios, que aparecem de quando em quando e são os protagonistas do próximo volume.
• existem humanos nesse mundo e aparecem em Nada Familiar. Nessa história curta, as vilãs são bruxas, que conjuram seres maléficos e tem gatos pretos de estimação.
• Não Se Deve Profanar O Sono Dos Cães começa com um cadáver de cachorro, temos cães zumbis e uma sobrevivente do episódio anterior. Se você quer uma revistinha só histórias fofinhas com bichos, é esse o ponto em que você desiste do gibi (azar o teu :P)
• das histórias tristes do volume: Um Cachorro e Seu Menino. Contém: humanos, ou algo assim.
• chuva de sapos, um tipo bizarro de demônio e anúncio de encrencas futuras estão em Aglomeração Tempestuosa.
• com filhotinhos, Perdido é uma das histórias mais tristes e assustadoras que já li, um dos pontos altos do livro.
• No Templo das Tentações Felinas o foco, evidente, é com os gatos da turma. Aventura nos esgotos subterrâneos da cidade, espaço onde não cabem cães, e seus moradores, que tem probleminhas com gatos.
• e o volume encerra em Acontecimentos Fúnebres, com uma batalha e insinuações de que algo maior virá...
# Veredicto: Assim que saiu comprei o novo volume com mais histórias desse universo e já aguardo o terceiro pra 2020 :P Até lá, tá valendo a leitura. Ainda mais, no meio de tanto cachorro, tem um gato laranja =)
# Bom: o roteiro que sabe ser divertido, assustador e triste nas horas certas, com um cast animal cativante, tudo feito no traço da Jill Thompson, que combina perfeitamente. E o formato "histórias soltas se encadeando num conjunto maior" funciona bem aqui.
# Mau: o preço. As histórias são boas, mas o gibi podia ser mais simprão e mais em conta que seria justo =P
188 páginas • R$69,00 • 2017 • veja no site da editora
• Beasts of Burden - Cães Sábios e Homens Nefastos (de Evan Dorkin e Benjamin Dewey): Eu falo que esse é um segundo volume de Beasts of Burden, mas na verdade é um spin-off: uma longa aventura com os "Cães Sábios", que apareceram ajudando os personagens da série normal. Li bem mais recentemente que o anteior e aqui temos algum desenvolvimento de background, também saímos mais do mundo de eventos e seres normais, mas quase tudo o que acontece na história é fora de Burden Hill e, numa primeira vista, não diretamente ligado ao que acontece lá.
# Veredicto: Divertido, mesmo com personagens mais poderosos (capazes de fazer vários tipos de magia e viverem bem mais que o normal), vários níveis acima dos animais "normais" de Beasts of Burden.
# Bom: a história é redonda e os tais Cães Sábios são tão cheios de defeitos e virtudes quanto os outros personagens - só tem mais poder e experiência.
# Mau: não é a Jill Thompson desenhando :P Não que o outro artista seja ruim, mas preferia o traço dela. A parte de "animais overpower" quebra um tanto o encanto de "a vida é normal, mas tem coisas medonhas nas sobras e locais abandonados" que a série principal tem. Pra fechar, achei os vilões bem nhé, e ausência de gatos entre os protagonistas é imperdoável =P
124 páginas • R$59,90 • 2019 • veja no site da editora
• O Perfuraneve (de Jean-Marc Rochette, Jacques Lob e Benjamin Legrand): Por algum motivo a terra congelou e a humanidade acabou, só restando um enorme, sempre em movimento. O livro é composto de três histórias:
• O Perfuraneve (Lob/Rochette, 1982): aqui somos apresentados ao grande trem de "mil e um vagões", em que os ricos ficam nos primeiros vagões, luxuosos e com poucos passageiros, e a coisa vai piorando a medida que nos afastamos da locomotiva. A arte é regular e não transmite o clima de claustrofobia que deve ser viver o resto da vida dentro de um trem. A crítica social é até válida, mas é bem rasa e óbvia, assim como os personagens centrais: o cara caladão que veio do fundão e vai revolucionar tudo, a jovem de classe mais abastada com boas intenções sociais e alguma inocência sobre as regras do jogo político em que se meteu (obviamente eles viram casal e trepam) e os arquétipos político-militares que sustentam a ordem social nesse tipo de nação.
• O Explorador (Legrand/Rochette, 1999) e A Travessia (2000): como o primeiro roteirista já tinham morrido, decidem escalar outro pra continuar a história e fazer as segunda e terceira partes. O traço evoluiu, assim como as técnicas de aplicação de tons de cinza. Temos também outro trem (ué, não era pra ter um só?), maior, já que o trem anterior não tinha mais condições de seguir história :P Também temos uma reciclagem mais modernosa dos personagens e do microcosmo: a vida no fundão não parece ser tão ruim, o mocinho ainda faz parte da margem da sociedade, mas a vida não parece ser tão fodida quanto na versão anterior; a mocinha agora é artista e filha do chefe, obviamente com traços de rebeldia, ainda assim tolerada e amada pelo pai. Há um desenvolvimento maior de todo o cenário, mas não vai longe, assim como o roteirista evita investir na tragédia e fazer críticas sociais além do minimamente necessário (exceto aqui e ali, tipo os traidores serem militares e clérigos) (e temos lá a versão local dos terraplanistas :P): o foco está mais na aventura, dentro do que dá pra ter de aventura enfiado num trem preso num mundo a 87 graus Celsius, negativos.
(tá, to sendo injusta, às vezes o personagem até dão um rolê lá fora).
No fim, tudo sai dos trilhos, sem antes sabermos a ligação desse trem com o anterior.
Em tempo: Há uma quarta história, não lançada no Brasil. E o gibi virou filme, que não vi. Mas namorada viu, achou chato. De qualquer forma, deixo aqui o link pro trailler :P
# Veredicto: a viagem não é legal e quase que pedi pra descer.
# Bom: a idéia básica é excelente, de uma simplicidade invejável.
# Mau: Os personagens são bem rasinhos e a história conta bem aquém do que podia se contar - tanto em crítica social, tanto na sensação de se viver naquele veículo. Outro ponto bem negativão é a encadernação do gibi, uma leitura e está tudo começando a estourar =_=
280 páginas • R$59,90 • 2015 • veja no site da editora
Índice de resenhas e movimentações da minha estante:
...e estou vendendo parte da minha coleção, veja a lista aqui
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