• Cangaço Overdrive (de Zé Wellington e Walter Geovani): A grosso modo: cangaceiro é revivido num futuro próximo para lutar (e se vingar) contra o volante (policial) que o perseguia no passado. Temos uma comunidade sendo cercada pela polícia, ainda à serviço de quem tem dinheiro, diversidade, alguns truques high tech (afinal, o gibi se vende como mix de cangaço e cyberpunk) (e não tão high tech assim, pela tecnologia, dá pra intuir que é um futuro relativamente próximo) e emulação de tweets no texto, fora algumas riminhas ocasional de cordel.
Você sente que tanto o lugar quanto os personagens tem mais o que mostrar, mas a quantidade de páginas só nos permite ver alguns detalhes.
# Veredicto: divertido, mas pouco de novo - dava para fazer mais.
# Bom: roteiro, arte e cores muito bons, além disso, de todos os personagens terem voz própria e importância. E o simples fato da história se passar num nordeste ficcional criado por nordestinos reais, nos livrou de ler mais uma caricatura dessa região rica do país.
# Mau: a parte tecnológica na trama é quase mágica às vezes, não explica muito (tipo, as duas ressurreições centrais do enredo :P). A arte é legal, mas é quadrada, gringa demais, podia ter ousado. Tanto cangaço quanto cyberpunk tem uma estética forte que podia ter marcado presença aqui, mas não passaram de alguns recordatórios.
72 páginas • R$37,90 • 2018 • veja no site da editora
• Astro City: Portas Abertas (de Kurt Busiek e Brent Anderson): empolguei uma amiga com a série, então vou correr pra terminar os 12 volumes publicados (esse é o nono, como tá indicado escondidinho na capa traseira) e torcer pra dona Panini resolver colocar o material que falta nas bancas.
E temos o início de uma nova fase pra série, quando o título passou a ser da Vertigo e ganhou nova numeração (nos EUA( e acho que uma alteração de postura do autor quanto à obra, mas antes de teorizar baseado no meu puro achismo, vou dar um resumo nas histórias curtas desse volume:
• Novos personagens, novas situações e o retorno do protagonista de uma das histórias mais sem sal do título em Portas Abertas - Parte Um.
• Bem-vinda à Global Humana e Erros contam a história de uma funcionária de um dos melhores empregos que já li: fazer parte de uma equipe paga para localizar, triar e direcionar problemas para super-heróis resolverem :) Sei lá se eu teria fibra pra aguentar o trampo, mas queria mandar meu currículo pra eles :D
• Outra retomada de personagem, dessa vez secundária de enredo anterior (de Heróis Locais), em Na Geral: nem todo mundo que tem super-poderes quer ser super-herói, ou super-vilão, às vezes quer ter só um trabalho e vida comuns, usando os dons que tem. Só que às vezes aparecem vilões clichê e burros querendo estragar até isso das pessoas :P Não é uma história top, mas diverte (e melhor que a outra com aparição dela)
• O personagem mais estranho que apareceu na primeira história retorna em Percevejos e Linha de Tricô, contando 2 fragmentos e uma história curta com personagens novos (eu sabia que o Kurt não resistiria a um lovecraftianismo). Tudo meio que filler, mas deixando subsídios para histórias futuras, imagino.
• Portas Abertas - Parte Um, um embaixador alien vem à Terra, deixando seu portal sobre um dos rios de Astro City. Na Parte Dois, descobrimos que os rios são jurisdição do (corrupto, aparentemente) sindicato dos estivadores, um funcionário vai lá tomar satisfações e ganha confiança do alien, e faz mais algumas coisas que gera problemas, o faz pensar e deixa alguns ganchos pro futuro. Essa história e a anterior para mim são o ponto fraco do volume.
Agora, meu achismo: até este volume, tirando os arcos com duas histórias e as mini-séries especiais, quando você pegava uma história de AC, você conseguia entender ela sabendo o mínimo daquele universo: eram HQs auto-contidas, saber mais sobre a série enriquecia a leitura, mas não era obrigatório. Algumas das histórias ainda mantém esse jeitão que para mim é um dos charmes da série, mas pelo menos três delas são bastante amarradas à uma cronologia e não tão acessíveis à quem chega desavisado à Astro City.
# Veredicto: com mais altos que baixos, até aqui é uma série que merece estar na minha estante.
# Bom: Eu sei que talvez seja mais descontentamento com meu emprego real do que mérito da história, mas li e reli Global Humana :P Como toda boa história de AC, são pessoas normais lidando com o fantástico... como se fosse coisa normal, porque pra elas, ali, é.
# Mau: há um mistério esquisito insinuado por um novo personagem quebrador de quarta parede também tão esquisito. Não curti.
196 páginas • R$23,90 • 2015 • veja no site da editora
lista de resenhas de Astro City:
1 - Vida na Cidade Grande
2 - Confissão
3 - Álbum de Família
4 - O Anjo Maculado
5 - Heróis Locais
6 - A Era das Trevas 1 - Irmãos & Outros Estranhos
7 - A Era das Trevas 2 - Irmãos em Armas
8 - Estrelas Brilhantes
Índice de resenhas e movimentações da minha estante:
...e estou vendendo parte da minha coleção, veja a lista aqui