Antes de tudo, um papo sério:
Decidi tirar o nome "senzalândia" dessa seção do blog. A "piada" era legal há uns dez anos atrás, relacionar o trabalho à escravagismo e talz, mesmo tendo um erro crasso na associação de idéias - os escravos descansavam na senzala (o termo veio do quimbundo e significa "habitação"), o trabalho era noutros locais (canaviais, por exemplo, como apontou muitos anos atrás uma sumidíssima amiga).
Mas como o tempo passa, de lá para cá passei a ter uma noção do que é escravagismo, de tirar um povo à força de sua terra para fazer outros ficarem ricos, e a brincadeira aos poucos foi amarelando, perdendo a graça, se transformando em incômodo: poxa, eu estou fazendo uma "piadinha inocente" com o sofrimento real de gerações, que tem uma dívida histórica que nem começou a ser paga com os descendentes de africanos .-.
Pior: é comum nesses meus causos eu falar das bobeiras e enganos que ouço e participo no serviço. Indiretamente estou querendo dizer que quem está na senzala vive fazendo bobeiras e se engana? Péssima associação de idéias, Marcelo....
Portanto, mudei "senzalândia" para "trabalhar dá sequelas", o que é uma verdade muito profunda (ui) ao mesmo tempo que é uma piada melhor, sem aspas. Não vou alterar os posts anteriores, não gosto de mudar minha história e minhas burrices tem de ficar lá, expostas, para me lembrar delas. Também não mudarei as tags dos posts pelo mesmo motivo e pra manter indexação... e é só.
Bola pra frente :P
Certo dia, colega estava atendendo cliente que tinha se estressado com a porta giratória:
- Mas tá uma democracia pra entrar nessa agência!!
... e eu tava atrás, olhei sério para ele, fiz aquele sorriso de Klara indo aprontar e:
- Então.... votaram pro senhor entrar aqui? >=)
Ele faz uma cara de espanto por um segundo, mas logo voltou à normalidade e continuou a resmungar da democracia de passar pela porta. Ele não percebeu que estava misturando as palavras. E isso é muito e tristemente normal.
Volta e meia registro esse "idioma alternativo" aqui. Já vi relatos de clientes perguntando como pegar o "avaré", em vez do "alvará". Ou querendo dizer "notificação", me escreve "onestificação"....
Anos atrás, uma ex-gerente estava reclamando de um colega (que graças a Deus mudou de agência, de regional), que vou chamar de Juquinha:
- Eu explico pro Juquinha e ele não presta atenção para o que eu falo, ele não absorve as explicações.
- Mas ele não fica prestando atenção na conversa dos outros?
- Mas não é que você me deu uma boa idéia? Vou começar a explicar pros outros que ele vai prestar atenção e aprender.
Sugeri ela por uma samambaia entre eles e começar a explicar pra samambaia, quem sabe o Juquinha não ficava com ciúmes x)
Várias vezes trabalhei ao lado dele, e em todas as épocas ele distraia de atender o cliente dele e prestava atenção no meu atendimento.
- Olha pra frente, Juquinha!
E ele imediatamente voltava à programação (a)normal.
Noutra época, outra gerente, mudaram ele de setor e ouvi o seguite diálogo:
- Juquinha, você mudou de andar por que tua gerente lá embaixo estava grávida e não podia se estressar.
- ...obrigado, hein...
- Sinceridade, esteja a disposição. >=)
Essa mesma gerente, uma vez olhou pra mim e disse:
- Vou matar o Juquinha!
- Se quiser matar, vai ter de entrar na fila.
- Vou não, estou grávida, sou preferencial.
Trapaceira :P
Nota: "trabalhar dá sequelas" é uma coleção de pequenas cenas e abobrinhas, com um tico de maquiagem às vezes, que acontecem no meu emprego :P
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