"Sessão Zumbi" era o nome da seção de cartas do fanzine que eu fazia com alguns amigos, séculos atrás. A idéia é que ninguém escreveria para ela, então seria uma parte meio morta do zine XD E decidi que vai ser o nome da "seção de cartas" do mushicomics: alguns dos comentários que fizerem pelo site afora (sobretudo nas notícias), vou responder aqui, toda sexta ou algo assim.
Dia das crianças, escrevi um texto até que grandinho sobre o que eu acho que são alguns dos problemas das histórias em quadrinhos brasileiras (a ênfase no "brasileira" e no "quadrinhos", mas se esquecer do "história"). Achei ele bonitinho, postei aqui, no meu blog e no meu DeviantArt.
Resultado: vários comentários, alguns enormes (por isso a preguiça de fazer essa Sessão Zumbi x) ), vários apontando problemas que não foram foco desse texto (quer dizer, falaram de tudo, menos do que falei... :P) e uma curiosidade: para cada lugar que mandei o texto, o público era diferente e recebi tipos diferentes de comentários:
(em tempo: eu selecionei a maioria, mas não todos os comentários, e alguns eu editei para encurtar e chegar direto ao ponto. Nesses casos, se alguém achou que mudei o sentido do que disse anteriormente, me avisem)
Jussara Gonzo: Falou pouco, mas falou bem!
Falei POUCO, é? o.O'
Kari Esteves: Hum... isso é realmente algo para os jovens artistas refletirem, pq o q precisamos é de uma nova safra de empreendedores.(...)
Acho que nem só para os novos - tem muito ser pré-histórico por aí berrando que é autor/defensor do quadrinho de quadrinho brasileiro e se diz discriminado por isso. Aí, você vai chegar o trabalho do ser, que tem mais anos de estrada que muitos aqui tem de idade, é um treco tão feio e tão mal-feito que nem a mãe dele deve achar bonito - e acho que nem de empreendedores, que pra mim são as pessoas que vão lá e desbravam. Basta quem goste e saiba contar histórias, quanto mais pessoas atingir com elas melhor, não adianta escrever algo legal que apenas os amiguinhos ou o umbigo entendam.
(...)Uma mania q precisa ser erradicada: Se encantar com o q vê e esquecer de LER. Mtos "sucessos" foram pro saco assim.
O Brasil tem a fama de ter bons desenhistas e nada de roteiristas. Isso é meio que culpa da barreira da língua e ddo relacionamento entre desenhistas novatos e roteiristas novatos. Fica para um próximo texto.
Felipe Avelino: *cof* *cof* *Turma da Mônica Jovem*!! *cof* *cof* *Luluzinha Jovem*!! Mas tem brasileiro que publicam histórias em quadrinhos, só não é aqui no Brasil
Não entendi o problema com a TdM/TMJ. Gostando do trabalho do Mauricio ou não, ele é um bom exemplo do que deve ser feito de acordo com o que escrevi: fazem boas histórias em quadrinhos para o público alvo , não se colocam num patamar superior aos leitores "comum" falando que é Arte, e quando falam que seus personagens são brasileiros, é com orgulho, não como muleta para que comprem eles.
E achando ético ou não a LuluTeen entrar na onda, ainda são um bom exemplo pelos mesmos motivos acima: temos boas histórias para um determinado segmento (o que li, gostei), sem mimimi-bububu de que é quadrinhos ou brasileiro. O foco são os leitores (digo, leitoras adolescentes) e é isso que deveria ser.
Gilvany S: [...] Construir uma cultura solida e renovável de leitores no brasil, tem sido uma tarefa desafiadora. [...] existem vicios da parte do artista ou autor... Acontece que essa cultura não é nossa [...], é uma importação de produtos que invadiram o nosso cotidiano[...] Não que isso seja ruim...mas pra sobreviver, a HQ brasileira precisa atingir pessoas que não fazem a mínima idéia do que é manga, brasileiros, não importando a idade ou posição social. É ai que surge a necessidade criar algo que identifique ou que digamos: essa HQ é brasileira. [...] Talvez uma visão mais rcitica e literária se faça valer para descobri tramas interessantíssimas e nativas desse país e não uma versão pop do estrangeiro.
Yu-chan: Adorei seu post, e vc tem razão, o que falta nos HQs brasileiros é a criatividade nas histórias e colocar sobre o cotidiano brasileiro. Por exemplo: na questão das roupas, escola, comida, o jeito de como as pessoas vivem aqui e sobre o que nosso país pode contar de interessante. Existem tantas histórias em livros muito bons brasileiros, podemos colocar essa criatividade e carisma nos quadrinhos também! e não optar por modas estrangeiras, não só japonesas, mas americanas tambem. Quem nunca viu no Natal por exemplo propagandas e produtos "brasileiros" com roupas de inverno (em pleno verão), e comidas quentes como assados. devemos valorizar e explorar mais o que temos aqui! (e apesar de ser descendente de japonês, eu queria fazer historias contando sobre a cultura brasileira, q é mais diversificada do mundo!)
Eu acho... que vocês falaram com outro assunto importante mas nada a ver com o que escrevi: não falei nada de usar temas nacionais em histórias nacionais, mas de autores tentarem fazer os leitores comprarem a história dele por dó ("óia, eu sou autor nacional, o quadrinho nacional precisa crescer, me ajudem").
Isso de importarmos cultura estrangeira e de autores iniciantes começarem baseadas em realidades estrangeiras é assunto enorme que merece outro texto nO Futuro. Mas vou resumir o que acho: 1) toda cultura brasileira é importada desde 1500. 2) tem cultura que mais importa elementos estrangeiros que a japonesa e ainda assim se mantém autêntica? 3) Se o autor souber do que está falando, ele contar a história que quiser no ambiente que quiser. Problema é que a maioria dos novatos não conseguem e sequer sabem do que estão falando...
Mary Cagnin: [...] Outro dia estava discutindo sobre um tema parecido (e bem intrinseco) no twitter, q era sobre os editais e 'apoios governamentais' as historias em quadrinhos, q em geral apenas selecionavam historias educativas, regionalistas, e/ou politicamente corretas, aquelas q seriam facilmente aceitas pelos pais dos aluninhos, evitando todo aquele escandalo de "meu filho leu palavrão num 'gibi'" e é bem por isso q quadrinhos no brasil ainda é leitura para crianças e não tem espaço para amadurecer... quer dizer, espaço tem, mas ele é tão apertado que é quase como se não existisse.
Eu acho isso de edital tão esquisito o.o... Tipo, é uma forma do quadrinhista ganhar com seu trabalho tão boa quanto qualquer outra, mas não é uma forma de ganhar público: quando acabar o contrato, acabou. O cara tem de ser muito ninja para fazer algo que passe pelos critérios dos editais, agrade quem seleciona esses trabalhos e caia no gosto de quem vai efetivamente ler, a ponto de conseguir vingar fora das escolas. (É o que eu acho sem entender muito do assunto, admito)
Isso me deixa muito revoltada, pq existem mtas historias boas q continuam anonimas, e autores com potencial q acabam desistindo por não acreditar q tenha futuro! Eu não acredito muito nesse negocio q quem é brasileiro precisa fazer algo brasileiro e por aí vai... apoio a liberdade do artista, pq oq vale mesmo é a mensagem q ele quer passar, como ser humano e não como um brasileiro. Falar sobre o país é valido (adoro ler sobre a historia de outros paises, mas se não tiver algo q me prenda ao enredo, é mais facil ler um livro de historia) enfim.. é complicado falar sobre isso pq HQ é uma arte q ainda está engatinhando (pelo menos por aqui)
aqui faço minhas tuas palavras :)
momento autopropagada: eu tento aqui expor várias séries de vários autores, quem sabe tirando gente do anonimato. Mas como falei depois, tem autor que tá nem aí com a própria história, joga a coitada no mundo e foge, parece pai de filho de mãe solteira...
Marcus Beckenkamp: Realmente, empurrar algo para compra com a desculpa de ser nacional não tá com nada. Acho que devemos sim valorizar nossa cultura, mas não comprar porcaria só porque é nacional. Hqs são produtos, assim como filmes e livros, e devem ser pensadas dessa forma para o público que realmente irá consumí-la, se quiser que saia do mundo independente e crie algum mercado. Assim como os filmes nacionais estão começando agora a sacar isso, acredito que um dia os criadores de HQ também entenderão. Mesmo assim, acredito que trabalhar com o que temos de cultura é uma ideia interessante. Curti o projeto do Studio Seasons de trabalhar com o livro de Machado de Assis, por exemplo. =)
aqui faço minhas tuas palavras [2]
Cris: Concordo com você, Mushi, não só nos quadrinhos como em outras áreas. Cansa o povo viver reclamando que não tem público, que é incompreendido, mas só sabe falar do próprio umbigo. Umbigo por umbigo, eu fico com o meu.
aqui faço minhas tuas palavras [3]
fabiano-alves: Concordo, endosso e dou o aval!
Publique-se e cumpra-se!
E acho que estou apaixonado, aiai... ♥
[clique aqui para ver minha resposta]
Tablis: É difícil fazer esse "preconceito" sumir da mente dos desenhistas, mas só este relato já ajuda muito a esclarecer certos probleminhas...xD
com os desenhistas eu vejo vários probleminhas, um é quem nem todos tem vocação para fazer quadrinhos, mas não sabem disso ^^
Auto sabotagem e exacerbação patriotista(ui! confesso, sou nerd!!!!) é bem comum e qdo aplicado numa situação, resvala em todas as outras (política, finanças, pessoas e etc).
Isso limita a sabedoria e deturpa a inteligência.
err.. ok, né... X)
MushiComics, expediente:
• miniaturas das histórias da semana: Wá-chan
• divulgação: kari esteves
• todo o resto, inclusive a parte que não funciona: mushi-san
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