livro: Anacrônicas

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Meu manual de sobrevivência ao mundo moderno recomenda que você fale mal dos amigos apenas quando eles estão longe. Assim, vou aproveitar que a Ana Cristina está no Canadá agora para comentar o livro dela: Anacrônicas - Pequenos Contos Mágicos. =p

*O parágrafo acima foi uma brincadeirinha, mas mushi liga campo de força assim mesmo*

Falando sério, eu li Anacrônicas em maio, na última viagem em que vi meu avô vivo e não reli depois, por incapacidade de administrar meu tempo. Assim, tenham em mente lendo os curtos comentários abaixo XD

Antes de tudo, uma correção: Anacrônicas não é um livro não, é livrinho, tanto em tamanho (12x21cm) quanto em número de páginas (90), simpático no formato e na capa, (ilustrada por seu marido, Estevão Ribeiro, que também fez os desenhos dentro do volume) e é um conjunto de vinte contos de ficção e fantasia:

“É tarde!” - É um dos meus preferidos, curtíssima e inteligente releitura de Alice no País das Maravilhas. Se eu soubesse animar, faria uma animação :)
Chiaroscuro - Outro dos meus queridos nesse livreto, e um dos mais longos. Um tantinhozinho erótico, com bruxas e trevas inonimaveis. Personagens, situação e clima precisamente construídos :)
A Princesa de Toda a Dor - Um sobre uma pequena índia e seu fim...
O último soneto - ...e outro sobre um (provavelmente) poeta ultra-romântico¹ e seu fim. Não gostei dos dois, tia.

(ia comentar que romantismo+índio me lembra Iracema, uma das coisas mais detestáveis que já li, mas estou divagando demais)

A Casa do Escudo Azul - Futuro pós-apocalíptico, reconstrução e livros. Podia ser melhor, talvez seja problema de espaço.
Vida na estante - Não vejo graça em traças ò_ó (o inseto, não o blog XD)
Os olhos de Joana - Para mim esse conto sofre do mesmo mau dA Morte do Temerário - também da AnaCris, publicado na coletânea Espelhos Irreais: senti que precisava entender mais do desenrolar dos fatos históricos citados para apreciar melhor o texto.
O Senhor do Tempo - A história do universo, curtinha. Marrom².
Deus embaralha... - Outro curtinho e revela uma triste verdade -_-
Feitiço sem nome - Me pareceu ser uma continuação de "Chiaroscuro", gostei, apesar de curto (ou "tamanho médio", pros padrões da coletânea xD)
A Dama de Shalott - Demorou para me cair a ficha com a brincadeira com Camelot/Lancelot/Shalott. Depois soube que é assim no poema que a Ana se inspirou para escrever, e que eu não conhecia. Está acima da média do conjunto, mas não é dos meus queridinhos não :P
Como nos tornamos fogo? - O amor entre um alquimista e uma elemental, segundo ele.

Em muitos dos contos a Ana nos apresenta o dueto "amor & tragédia" de uma forma bem intimista.

Pelo espaço de um momento - Leia comentário acima :) Onde um dos componentes da situação é um personagem de um quadro.
Borboleta - é um dos poucos contos sem o "fantástico", mas uma forma de expurgar coisas que passaram que gostaria de ter feito um dia.
Viagem à terra das ilusões perdidas. - o título diz a surrealidade do tema :P E não vou 'spoilear' esse monólogo com cara de diálogo.
O baile de Máscaras - Esse conto tem um estranho parentesco com o anterior. Quase uma parábola. Estes dois contos estão bem escritos, mas não sou fã do tema, ou não sinto algo de 'novo' neles. Sei lá.
Lenda do Deserto - Djins, amor... medianinho.
Mapa para a Terra das Fadas - Talvez *eu* seja o piegas, mas este é um dos meus preferidos. Talvez seja por causa do coelho, talvez seja por causa do otimismo tristonho em meio à tantos contos sem um "feliz" no final. :)

Na boa, não gostei tanto dos contos que fecharam o volume:

O eremita - ...que era contra a violência, o mundo é ruim mas talvez haja esperança.
Apocalypse NOW! - O FIIIIIIIIIIIIIM DO MUNDO - inédito! - narrado como anúncio de programa atração televisiva. É até legal, mas eu que estou anestesiado com o tema.

Ah sim, se você está procurando romance, aventura e batalhas épicas, esse não é um livro para você. Apesar das minhas reclamações acima - mais por culpa do leitor que da autora - , gostei de Anacrônicas e recomendo =) A Ana além de ser uma excelente pessoa, brava (no sentido de brigar pelo que quer e acredita, tá?) e que FAZ em vez de ficar de mimimi sobre a inexistência do mercado ou perder tempo em briguinha de ego de autores (mal que assola os quadrinhos brasileiros também). Como disse lá no topo, ela está agora no Canadá, representando o Brasil na WorldCon, a convenção mundial de ficção científica.

PS: Tem um conto bônus não citado no site nem no índice do livro ;) "O Sábio de Osgoroth".

¹ - estou cagando e andando pra ortografia nova até ser obrigatória.
² - "marromenos"

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