Obrigado à quem me deixou mensagens!

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De certa forma não descansei nestas férias, meu avô, cujos rins não funcionavam há alguns anos estava cada vez pior e eu ficava aqui, meio que "cuidando" de minha mãe, atento à ela, que volta e meia estava ligando para o paraná em busca de notícicas, ou me perguntando se algum parente me deu recado via MSN. Imaginem como ela estava, era o mesmo com todos os filhos do meu avô, a maioria morando longe, e com a gente [netos/sobrinhos/filhos/afins] também.

Esse meu avô sempre foi fortão, pernambucano, fora caminhoneiro quando mais novo. Foi com ele que aprendi a tomar chimarrão, hábito que ele adquiriu quando passou no que é hoje o Mato Grosso do Sul. Um dia deve ter se assentado em Colorado, meus pais se conheceram e se casaram, depois ficou em várias casas/sítios entre as cidades de Figueira e Ibaiti, no mesmo estado.

Enfim, ele sempre se virou, amava acordar cedo, cuidar do sítio, plantar e tudo o mais.

...e quando o vi começo do mês, estava de cama, inchado. Ele mesmo estava abatido, díssimo, não estava podendo fazer o que mais gostava! :/ Lembro ele chorando quando estávamos indo embora. E ele piorou e melhorou o mês todo, até que foi internado em Figueira mesmo, depois o levaram para Telêmaco Borba, e lá acabou indo para UTI e o coração não resistiu.


Em vários momentos vi minha mãe em prantos, ou com cara de quem chorou antes. Depois da viagem do começo do mês, ela chorou várias vezes ao telefone pedindo para os tios que o levassem ao hospital.

Por alguns anos ele viveu em outra cidade, Martinópolis, perto da minha tia para que pudesse ser cuidado. Mas ele mesmo não gostava de lá, não era seu ambiente. Quando o devolveram ao sítio, relutaram quanto ao hospital por causa do desejo dele.


Foi pouco depois da meia-noite que meu pai recebeu a notícia, minha mãe já dormia... quem iria falar para ela? Decidimos pedir para minha irmã, vizinha, e meu pai ligou para ela... e minha mãe deve ter acordado com a ligação, ela estava no corredor perguntando o que era, quando falei "faleceu".

Acho que foi a pior forma de alguém dar esse tipo de notícia -_-'


Às três da manhã fui com meu primo, namorada e tia para lá. Meus pais, irmã e cunhado saíram mais tarde, precisavam dormir antes de encarar a viagem de horas. Meu irmão não foi, o carro dele ainda estava ruim - era o mesmo que quebrou quando o outro avô faleceu - e ele tem agora uma filha de meses e outro de cinco anos. Chegamos lá cerca de onze e meia, meus pais lá pelas duas da tarde... e acho que infelizmente todos sabem como é um enterro.

Só posso dizer que veio muita gente, que choveu fino, que a família fez tudo o que podia, e que temos muitas boas lembranças dele.


Meu vô era besteirento, brincava, falava mal. Se. à noite, ele fechava todas as janelas da sala, era sinal de perigo: ele ia peidar, de maldade. Barulhento e fedido X) Amava ver a família toda nas festas, foram seis filhas e um filho, trocentos netos que estou com preguiça de contar - fui o primeiro :P Atirava, sempre tinha uma espingarda em casa. Para toda filha que casou, dava uma máquina de costura de presente. É muita coisa para lembrar, acho que não vai faltar o que dizer para tentar fechar o buraco que ficou no lugar.

PS: E é, a tem uma coisa que a vida não me deixou fazer.

1 Comentário

Bullshico em 29/05/09, às 18:50: Não foi a pior maneira. Foi a melhor. É assim que tinha que ser feito mesmo. Qualquer enrolação é pior. Não tem como você diminuir dor alguma ao dar uma notícia dessas. Força ai. (Reply)

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This page contains a single entry by mushi-san published on May 29, 2009 4:15 PM.

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