Ralos minutos após as dez e trinta da manhã. Não era sexta treze, mas era um dia antes disso, mas quem liga? :P Estava atendendo uma senhora negra, toda de branco, mais um tradicional caso de tirar tudo o que tem direito por causa da aposentadoria. (Atrás de mim fica a sala do servidor, tinha técnicos lá mais cedo). Confiro os quilos de documentação, preencho os formulários, imprimo os estratos, faço toda a pesquisa. (meia dúzia de almas na minha salinha escondida no fim da agência, dia tranquilíssimo). Entrego o formulário para a mulher assinar enquanto vou para o saguão, tirar as xerox necessárias para tudo andar bonito e auditoria não querer mais um escalpo meu...
Xerox, xerox, xerox (a máquina nova é boa XD A coisa mais divertida do mundo é colocar o papel numa fenda e ver o bicho fazer ele zanzar pra lá e pra cá dentro dele para tirar várias cópias frente-verso), encher o saco de colegas de trabalho, xerox, xerox, atravessar o saguão, e voltar pro meu cafofo.
- Moço, aquele homem atrás de você tá armado.
- Ah, sim, tá. - Não ligo e volto para o serviço, e para consultar os e-mails e às vezes dar o ar da minha onipresença no fórum do meu site. O tal homem que a mulher falou pensei que fosse um dos técnicos, às vezes é norma da empresa tercerizada que cuida do servidor, ou do setor responsável pelo cuidado do vídeo que grava as câmeras da agência... e não era nada disso o.o Meu colega que fazia aniversário naquele dia tava na salinha, o homem com arma para trás olhando para ele ordenando para retirar o vídeo e por numa sacola o mais rápido possível. Não tinha nada de rotina ali.
Achei inteligente ficar onde eu estava e não me mexer. Nunca atendia a merda de telefone que tocava atrás de mim e agora é que eu não iria atender. Curioso que demorou pra eu perceber que o povo sentado tava quieto demais... na verdade, tirando esse detalhe e aquilo lá que acontecia atrás de mim (e que me incentivava a tentar ser invisível para não participar), o dia ainda conseguia encenar bravamente a rotina. Se não indicarem o dia doze de janeiro de dois mil e seis para o Oscar de melhor ator vai ser injustiça.
As coisas acontecem devagar lá atrás, e uma das estagiárias entra nos guichês, meio distraída, meio pra atender o telefone que insistia...
- Senta!
- M-m-mas...
Faço ela sentar no guichê e deixar o telefone berrar para lá, logo percebe o evento diferenciado na sala do servidor e segue o roteiro sugerido por mim. Não dá dois minutos os ladrões saem, e vão para o saguão. Silêncio... suspense... "psiu... eles já foram embora?". O povo responde: "sim"
E foi o que eu vi do assalto ^^'
O que parece ter acontecido foi o seguinte: tinham ladrões esperando na minha sala, eles esperaram eu sair (ou tesoureiro) para entrarem no guichê onde fico sozinho, invadirem o servidor e o caminho para o cofre. Estavam bem informados sobre o dia a dia da agência: pegaram povo da tesouraria no horário que separavam dinheiro para o caixa.
Outro ladrão entrou pela porta giratoria e sacou arma. Renderam vigilantes, depois de passar pelo cofre, passaram nos caixas.
Um deles se escondeu debaixo do guichê e não foi visto pelos assaltantes, outro deu dinheiro e moedas, o ladrão jogou as moedas nele. O caixa seguinte entendeu a lição e só entregou as cédulas.
Entraram e saíram sem anunciar o assalto, a gerência lá em cima praticamente só soube quando a delegacia ligou perguntando se havia algum problema, já que o alarme silencioso disparou. Duas estagiárias sentiram o pavor de uma arma apontando para elas. Roubaram bolsa com documentos, agenda e óculos de funcionária, já que estava guardada no cofre. Depois do assalto, veio polícia, responsáveis pela segurança no banco, responsáveis pela empresa de segurança terceirizada, psicóloga, sindicato.
Resultado: cheguei uma hora mais cedo em casa, praticamente não vi nada, apesar de ter todo o potencial para estar no caminho da encrenca O.O'
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