Morta, eu? Não, vocês não tem tanta sorte.
Apesar da minha ausência, andei arranjando algum tempo pra voltar a ler. Comecei meu encadernado de Preacher ontem (yay), e estou me preparando para a chegada de Harry Potter e O Enigma do Príncipe (tradução misteriosa para "Half-Blood Prince. Desconfio que dentro disse teve-se medo de se usar a palavra "mestiço" por medo de possíveis interpretações politicamente incorretas).
Sim, e eu li Asterix e o Dia em que o Céu Caiu Sobre Suas Cabeças. Em menos de meia hora. O que já de cara não é bom sinal, visto que os álbuns antigos tinham conteúdo pra segurar pelo menos por uma hora e meia.
Francamente, achei o álbum deprimente, e a idéia de Uderzo do que é maneira "apropriada" de fechar a série é lamentável. A verdade é que Asterix morreu há muito tempo, provavelmente junto com o Goscinny, e o Uderzo é que naõ teve capacidade de perceber. Aliás, o Uderzo nunca deveria ter se arriscado a escrever um par de linhas na vida dele. É óbvio que a praia dele é desenho, e ele nunca deveria ter saído de lá.
A trama de "O Dia..." começa de forma totalmente súbita, falando sobre alienígenas que descem sobre a vila de Asterix, conclamando-os a lutar ao lado deles contra outros alienígenas. E o que se desenrola a partir daí é uma história despropositada, sem conteúdo ou sentido, e um texto fraco e com piadas infantilóides que não passam de sombra da inteligência com que a série se fez famosa um dia.
A parte que mais me decepciona é a da "crítica". Sim, porque o álbum tem um subtexto supostamente crítico em relação aos quadrinhos -- os alienígenas são caricaturas de personagens ao estilo cartoon, comics e mangá. E não haveria nenhum problema nisso... não fosse o Uderzo colocar os persoangens a la Disney como os bonzinhos, os de comics como descerebrados e os de mangá como os vilões.
Quando Asterix surgiu, em meados dos anos 70, senão me engano, houve um bom motivo pra isso. Em um momento em que os jovens franceses se rendiam à americanização, Goscinny buscou em Vercingetórix, o último chefe gaulês a se render a César, a idéia de criar esses personagens que vivem em uma vila cercada de romanos, mas repleta do espírito francês que "ainda resiste ao invasor".
Acho verdadeirmente uma pena que essa bela idéia, concretizada de forma brilhante por décadas, tenha que se fechar com uma homenagem justamente a um americano que, mais que ninguém, representa o poder estrangeiro dentro do universo cartoon -- enquanto se faz chacota de outros estilos, como se não tivessem tantas qualidades ou defeitos quanto ao homenageado.
A verdade é que no fim, Asterix se rendeu ao invasor. E se há algo de bom nisso, é que finalmente Asterix vai descansar em paz -- ou pelo menos, assim espero.
Negativa, eu? Imagine. Ah sim, e rabugenta também. (Reply)