Vocês provavelmente já viram o caso da cartunista japonesa que plagiou em sua HQ páginas de outra HQ, aquele de basquete chamada Slam Dunk.
"Plagiou" aqui, porém, limita-se aos desenhos: Ela copiou poses e enquadramentos e painéis inteiros da outra HQ, coisa mais do que manjada no ocidente, onde temos verdadeiros profissionais dessa técnica, como Rob Liefeld.
A coisa pegou mal, é claro... e a reação da editora e do público é algo que nos faz pensar: A editora CANCELOU a série, e RECOLHEU DAS LOJAS *TODO* o catálogo da artista. Ela foi ELIMINADA como autora pela editora, e lendo mais sobre isso por aí, ela dificilmente voltará à ser respeitada. A não ser, é claro, que cometa hare-krishna.
("É HARAKIRI, mãe!!" - Os Goonies)
Seria isso meio extremo? Eu acho que sim. Recolher do mercado os outros trabalhos, mesmo as outras edições da mesma série, é um crime; Eliminar a obra por causa de erros e posições imorais do autor é monstruoso, e se fossemos seguir isso no ocidente, teriamos queimado a obra de DW Griffith (Um dos pilares da linguagem cinematográfica no começo do século, dirigiu o racista "O Nascimento de uma Nação") e jogado fora os filmes do Roman Polanski também (que fugiu do país para escapar de uma acusação de abuso sexual de uma menor). (Só me surgem agora exemplos no cinema, desculpem! - mas e se provassem que Alan Moore é nazista? Vamos jogar Watchmen no lixo?)
Longe de comparar o valor artístico da tal HQ com as obras citadas no meu exemplo (Não conheço, mas pelo que li deve ter tanto valor quanto Tuff Turff ou Youngblood), mas a questão é bem importante... já que, além do que acabo de dizer, faz pensar sobre as expectaivas que o Japão e nós do ocidente temos em cima de uma desenhista de HQs -- essa atitude mostra como o artista foi visto como ARTISTA, não importa o que tenha feito, e tratado como se plagiasse uma pintura famosa, por exemplo -- enquanto por aqui, por mais que a coisa esteja bem melhor hoje em dia para os Quadrinhos, é comum encarar um desenhista -- principalmente um desenhista comercial - como um técnico especializado, embora com seus fãs e etc, fazendo um caso desses ser algo sem muita repercussão.
Por outro lado, a atitude da editora e o apoio do público a essa atitude demonstram uma visão oposta com relação ao TRABALHO EM SI... do artista espera-se muito? Pode ser... mas o trabalho não vale nada se o ARTISTA pisar na bola. Hein? Se é assim, temos mais um caso do artista comercial japonês como um "IDOL", como dizem... uma celebridade vazia, cuja validade pode não se basear inteiramente na qualidade de sua obra, e mais em fatores como seu empenho, o fato de ter "chegado lá", ou o fato de ele vender bastante, ou vender regularmente há muito tempo, ou até sua personalidade. Eu não sei. Precisaria saber mais sobre a artista para afirmar qualquer coisa. Mas é triste! E me lembra o nosso mercado, em alguns pontos.
O que vocês acham?
(Quando a mulher morrer, eu posto aqui de novo. <: ( )
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