"Vazio.
Abandonado, solto no espaço. Ar para um dia e meio de existência.
Era muito tempo.
Tinha decidido ficar de olhos fechados - abrir eles era indiferente, estava no meio do Vácuo de Virgem, não havia uma estrela em mais de cem milhões de anos luz. Nem luz pra dizer quantos anos demorou pra chegar onde ele estava. Então, pra quê o esforço de separar uma pálpebra da outra?
Estava dando voltas em torno do seu próprio eixo, supunha. Com braços e pernas abertas, deveria estar parecendo uma estrela do mar boiando no meio do nada... E riu da ironia de assim ser a única estrela num raio de porrilhões de quilômetros. Uma estrela com rotação em torno do próprio umbigo.
Logo o riso morreu num largo sorriso que foi mantido até dar cãibras nas bochechas. Ele ainda teimava em manter os olhos fechados, e estava indecido de como gastar as suas últimas trinta e tantas horas até ser apagado do Reino dos Vivos e existir apenas nas memórias de Deus.
Mas estava sem ânimo pra qualquer coisa."
Um continho sem sentido aleatório fora de época pra vocês.
3 Comentários
Deixe um comentário