A idéia deste texto é dar a descrição de localidades criadas nestes três mil anos de literatura ocidental para aqueles que gostam de escrever contos e roteiros e não tem acesso (ou saco) para consultar as fontes originais e conseguir a referência ou inspiração necessária. O primeiro local a ser visitado é
(parte 2)
que foi descrito por Dante Alighieri, exclusivamente para o este site, na "Divina Comédia" (um poeminha de 100 cantos com mais de cem singelos versinhos cada). Na parte anterior, mostramos além da história local, o Vestíbulo e o Primeiro dos nove Círculos, com todos os points para o turista de primeira viagem não se perder nas próximas férias e descansar do inferno que é a vida na cidade grande.
Onde estarão Tio Patinhas e Pato Donald?
Descendo pro Segundo Círculo, percebe-se a diferença: logo na entrada está o demônio Minós, que ouve as confissões de cada alma, enrolando sua cauda enquanto o condenado fala, e de acordo com o número de voltas que fez em seu rabo, indica o Círculo em que ela deverá passar a eternidade.
Enormes borrascas inundam este Pavimento, jogando as almas dos que cometeram luxúria para todas as direções, uns contra os outros, contra o chão, contra um paredão de rochas, sem descanso. Voando por aí você encontrará, entre outros, Cleópatra e Helena de Tróia. Cérbero (o cão de três cabeças que Dante descreveu como um homem de três cabeças de cão) faz parte do cenário do próximo Círculo, o Terceiro, caracterizado por uma chuva torrencial, gelada pra cacete, eterna e acompanhada de granizo grosso e neve - o que contraria aquela imagem clássica de labaredas por todo lado. Os condenados ficam uns grudados nos outros, caídos no chão, a mercê deste pé d'água (e gelo) e dos caninos, incisivos, molares e pré-molares do totó local. Crime? Gula! (no Inferno, spa é isso). E caso você seja esbanjador demais, ou pão-duro convicto, você é sério candidato ao Quarto Círculo, onde carregará pesos enormes (mesmo) no escuro. Depois de muito esforço, aparece um outro chato empurrando outro peso que nem você e ambos trombam em cheio. Pê da vida, vossa senhoria irá elogiar a mãe dele e volta, onde acontecerá tudo de novo, eternamente. (aviso aos pão-duros: vocês também ganham de brinde um corte de cabelo igualzinho ao do Espiridião Amin).
Depois desse trecho, Dante encontrou um riachozinho, que desembocava no lago Estige, que, com suas águas viscosas, banha a margem interna do Quinto Círculo. Os que em vida se esquentavam fácil e arranjavam brigas á toa (o adjetivo é "iracundo") estão mergulhados neste verdadeiro mar de lama, onde a maioria deles estão submersos, atolados no lodo, nus (como todos no Inferno, excetuando alguns no Oitavo Círculo), pretos de tão imundos, se agitando de raiva doentia, um verdadeiro festival de porradas, de chutes e outros golpes baixos. Do outro lado do Estige fica Dite, a Cidade Infernal.
Cidade Maravilhosa
Envolta de flamas rubras, a cidade de Dite é também o Sexto Círculo, uma metrópole protegida por uma alta muralha e uma guarda demoníaca bem armada. Qualquer alma que se aproximar desta cidade é dedurada por três luzes aos demônios, que mandam uma nau, comandada pelo capeta Flégias, buscá-las para os Círculos Interiores. Estes diabos não são muito receptivos, tanto que Dante e Virgílio tiveram que apelar para um anjo intervir e deixá-los entrar por seus portões de ferro.
Dentro da cidade, além das construções e ruas, existem tumbas enrubrecidas pelo fogo constante, onde se guardam as almas dos heréticos - o papa Anastácio II, por exemplo. De acordo com a gravidade da heresia, maior ou menor é a temperatura em que a alma é assada nas pedras da tumba (tssss), que por requinte, ficam com as tampas semi-abertas para os demônios ouvirem melhor os gritos. Para horror maior da Anistia Internacional, há menos tumbas que condenados, resultando em superlotação, e o primeiro que peidar apanha dos companheiros de cela...
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