Semana passada assisti ao documetário FAHRENHEIT 11/9, de Michael Moore -- uma das pessoas que mais conquistou minha admiração nos últimos tempos (juntamente com Neil Gaiman, Alan Moore e Alan Rickman... e o ÚNICO americano que entrou pra meu rol de ídolos pessoais!^^)
Em FAHRENHEIT, Moore disserta sobre o Governo Bush, suas trapaças, suas teorias da conspiração e sua incompetência (sempre com muito humor e clima de western!) -- E é melhor nem falar nada; qualquer elogio seria um pleonasmo. Se ajuda, digo que gostei mais do seu documentário anterior, TIROS EM COLUMBINE, que de alguma forma mepareceu dizer mesmo que Fahrenheit, sóp que de maneira mais geral e pontuando outros aspectos da psique americana, e de alguma forma ainda mais bem amarrada.
No entanto, o que TIROS ganha por ter um olhar mais amplo, FAHRENHEIT ganha por ser mais focado no governo Bush -- o que pode causar, pela primeira vez, que uma obra cinematográfica tenha efeito real numa campanha eleitoral. Cruzem os dedos, peguem a pipoca e vamos assistir a continuação desse filme, dessa vez na vida real!
Na realidade, falar de Michael Moore hoje em dia é chover no molhado. Qualquer anti-americano em qualquer lugar do mundo lhe dirá que ele é "demais" porque "detona com a América" e porque ele é muito engraçado. Seus documentários que dissecam o "espírito americano" e desmascaram o "american way of life" não podiam ter vindo num momento melhor -- mas de certa forma, "gostar de Michael Moore" virou moda, como se fosse algum certificado de inteligência e esquerdismo.
Mas naõ é por isso que ele é digno de admiração.
Não é apenas porque Michael Moore é um incendiário. Ou porque ele seja um ótimo roteirista, ou um incrível pesquisador. Mas sim porque acredito que o que torna seus trabalhos taõ atraentes sejam a transparência com que ele coloca as coisas.
Alguns críticos dizem qeu ele é um manipulador de emoções; outros dizem que para um documentarista, ele é tendencioso demais; um certo diretor francês certa vez disse que "Michael Moore não é tão inteligente como aparenta ser".
Mas ele aparenta?
Até onde sei, Michael Moore é tudo isso e não renega. Sim, ele não deixará de mostrar lágrimas enquanto pessoas chorarem em frente á sua câmera, e sim, ele descerá o pau em cima dos republicanos enquanto eles fizerem besteira.
A questão é que Moore não manipula a situação com perguntas "pegadinhas" para obter um efeito desejado; ele apenas filma e continua filmando, não importa o que aconteça, e não apela para a edição para se passar por "neutro". Não, ele não é neutro; e é tão neutro quanto a própria imprensa americana demonstrou ser durante a cobertura da Guerra no Iraque, com a diferença que não tenta se passar pelo que naõ é.
Quanto a crítica do cineasta francês, fica a citação do próprio Moore, em resposta a um repórter inglês: "Eu não sou inteligente, nem sequer tenho faculdade. Por isso mesmo me pergunto porque, entre pessoas desse país inteiro, teve que vir um cara como eu, um ignorante lá de Michigan, para trazer à tona todas essas questões".
Mesmo quando Moore "apronta das suas" (como subir numa van com um megafone para ler um projeto em frente ao Senado, por saber que ele seria votado sem que fosse lido), ele está sendo absolutamente claro em suas intenções.
E é exatamente essa transparência que é sua maior arma; se Moore fosse um manipulador, daria argumentos ao inimigo. Colocando diretamente o dedo na ferida enquanto olha nos olhos, faz com que seus alvos fiquem mudos, olhando pras suas próprias máscaras caídas no chão.
O que pouca gente percebe é que Moore NÃO é um anti-americano. Ele é sim um homem profundamente devotado a seu país, no qual ele quer acreditar, e que essa é sua forma pra contribuir para que ele evolua: que se tire o véu do pseudo patriotismo dos olhos dos seus cidadãos, para que estes possam enxergar a verdade, criticar e talvez, mudar alguma coisa. Para que naõ sejam mais enganados. Para que o mundo naõ seja mais enganado.
Pelo menos alguém diposto a fazer barulho por um motivo real e relevante -- coisa rara nesses dias em que mentes estreitas insistem em crer que alguém que chame a atenção de mais de meia dúzia de pessoas, pelo motivo mais irrelevante que seja, já possa ser chamada de "celebridade".
Mas não se iluda, pois todos nós manipulamos... digo puxamos a sardinha para o nosso lado. E Moore se fosse diferente (ficar em cima do muro) seria uma merda. O fato é que ele está aproveitando os holofotes (como qualquer um faria pois tem a palavra, e está certo em fazer isso enquanto tem a palavra, porque no nosso mundo ninguém depois o escutaria) e nisso ele pode sim dar uns escorregões à la Datena. Não tão ruins, (por que este último é um mala sem precedentes) mas não deixa de dar escorregões. Nesse ponto eu nem gosto nem desgosto de Moore atual. Eu gostei muito do anterior, mas este é apenas chover no molhado (principalmente se lembrarmos que Tiros não foi debut). Claro, que ele não tem faculdade (ou seja, influencias, moldes, desbundes, etc), mas ele já está na hora de tomar cuidado entre estilo e mesmice. Senão vai firar como os reacionários que ficam gritando na praça Ramos com uma foto de Guevara, sem nem falar do Guevara mas falando que o Sistema massacra, blablabla. Ou seja... cansa. E apenas outras mentes iguais (e muitas vezes limitrofes) vão ouvi-lo. O que não é nada atraente para alguém que quer que o mundo todo ouça. (Reply)
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Bruce (Reply)