Sou bem pragmático quanto a quadrinhos no Brasil: não vende a não ser que esteja relacionado a outra coisa, seja a um universo consolidado em priscas eras quando o mercado era diferente (Marvel/DC), ou a um site na internet (ComboRangers, que veio do falecido Putaquepariu) ou ua ma revista de RPG (Holy Avenger) ou qualquer outro exemplo que vir a calhar. Se não tiver uma base de leitores importada de outra comunidade, tanto a melhor história quanto a pior história vão terminar em fracasso de vendas da mesma forma.
Pessoalmente, acho que Holy Avenger acertou em encontrar seu público - não vou discutir o mérito das histórias e personagens, havia edições em que praticamente nada acontecia - : os editores divulgaram para os leitores que já haviam na Dragão Brasil, e os fãs de anime. Souberam aproveitar o momento no mercado e duraram o que durou. Só ainda acho que não souberam aproveitar a inércia e não lançaram outros títulos, ampliar este mercado, e quiçá, aumentar os estilos de história. Medieval fantástico é legal, mas ninguém aguenta tomar só sorvete de chocolate o resto da vida. Talvez ficaram praticamente apenas em HA por medo de apostar tudo e perder o pouco que tinham.
Quadrinhos é religião pra muito poucos, mesmo entre os fãs mais xiitas de mangá ou super-heróis, se for pra pensar em "base de leitores de quadrinhos", é minúscula mesmo. Mas se for em base de leitores de mangá ou de RPGistas ou de qualquer outra comunidade que arriscaria comprar algo relacionado ao que gosta, deixa de ser minúscula.
Se for pra atingir um público grande, uma história tem de essencialmente divertir, servir de escape mesmo, mas não necessáriamente precisa ser débil-mental. Um bom escritor sabe transmitir uma mensagem - sejam seus pontos de vista sutilmente colocados numa única fala de um personagem secundário ou o tema da história toda - sem deixar a história que deveria divertir com gosto de óleo de fígado de bacalhau. E também sabe escrever uma história de trocentas páginas sem mensagem alguma, mas que até o leitor mais exigente vai dizer no final: putz, gostei.
Aliás, essa semana o Lancaster escreveu um texto muito interessante sobre isso na sua coluna no Animepro. Mas apesar de tudo, vira e mexe pipoca um título nacional novo nas bancas. Geralmente num dura muito, é verdade... mas ainda assim é um sinal de q existe esperança ^^ !!! (Reply)
Talvez um dia encontrem um estilo que agrade o brasileiro em geral como os comics, mangas e fumettis agradam em seus paises de origem. (Reply)
Discussão em alto nível. Que legal! Estou terminando de escrever um livro, espero que ele contribua para o crescimento desse mercado. Tá me dando um trabalho... Gostei da opinião do seu Mushi. (Reply)